Em uma matéria repleta de imagens e intitulada "Como uma bomba explodindo: porque a maior reserva brasileira enfrenta a destruição", o jornal britânico The Guardian diz que a destruição da Floresta Amazônica pelos garimpos ilegais pioraram depois da posse de Jair Bolsonaro na presidência, no ano passado. O repórter Dom Phillips descreve vários garimpos ao longo da reserva Indígena Ianomami, no norte da Amazônia.
"A atual invasão garimpeira piorou depois que Bolsonaro chegou ao poder. O presidente disse que a reserva é muito grande para a sua população de cerca de 26 mil indígenas, e suas riquezas minerais deveriam ser exploradas. Seus ministros se encontraram com líderes dos garimpos", diz um trecho da matéria.
Em outra parte do texto, o jornalista inglês diz que "a ONG Instituto Socioambiental (ISA) estima que mais de 20 mil garimpeiros invadiram a reserva, onde mineradores e forasteiros não-autorizados são proibidos de entrar. Mas os garimpeiros talvez não vão ficar sem sua autorização por muito tempo: o presidente Jair Bolsonaro prometeu legalizar o trabalho com um projeto de lei no Congresso."
Dentro de uma reserva Ianomami ao norte da Amazônia Brasileira, as ruínas de um campo ilegal de mina de ouro emerge depois de uma hora de viagem dentro de um pequeno avião e duas de barco. Estradas não chegam até aqui.
Armações de madeira ao longo do Rio Uraricoera que um dia apoiou lojas, bares, restaurantes, uma farmácia, uma igreja evangélica e até bordéis são tudo o que resta da pequena cidade. O exército queimou e despejou o local como parte de uma operação com o objetivo de eliminar a mina ilegal na reserva.
O exército pode ter tirado a cidade, mas eles deixaram os "garimpeiros", que naquela manhã estão reunidos em volta de um freezer, esperando a saída dos soldados acampados rio abaixo, de forma que eles possam voltar ao trabalho. A ONG Instituto Socioambiental estima que mais de 20 mil garimpeiros invadiram a reserva, onde mineradores e forasteiros não-autorizados são proibidos de entrar. Mas os garimpeiros talvez não vão ficar sem sua autorização por muito tempo: o presidente Jair Bolsonaro prometeu legalizar o seu trabalho com um projeto no Congresso.
"Eu seu que é ilegal", diz Bernardo Gomes, 59, sentado numa estrutura de um bar. Ex-funcionário da gigante de mineração Vale, Gomes diz que seu período na companhia o ensinou a como proteger o meio ambiente. "Hoje, infelizmente, eu estou ajudando a destruí-lo", diz ele, dizendo que pedaços de árvores mortas próximas foram sufocadas pela lama retirada de um poço de mineração.
Alguns de seus companheiros se recusam a falar, incluindo uma jovem mulher que chega carregando uma garrafa de uísque e uma caixa de som tocando música pop. "Quer uma foto? Nua?", diz ela brincando.
Em oito dias de reportagem em diferentes locações da reserva Ianomami, o The Guardian viu numerosos pontos de mineração e barcas. Campos e bases foram destruídos ao longo do Uraricoera - mas seus bancos ainda estão repletos de intrusos.
Com 9,6 milhões de hectares de floresta selvagem - uma área maior que Portugal - Ianomami é a maior reserva do Brasil. Um quinto de sua população indígena morreu de doenças depois que 40 mil garimpeiros inundaram a reserva nos anos 80, de acordo com a Survival International. Os mineiros foram expulsos e a área foi declarada uma reserva em 1992, após uma campanha da Survival, fotógrafos Cláudia Andujar e Davi Kopenawa, diretor da Associação Ianomami Hutukara, que convidou o Guardian a visitar a reserva.
Mas a atual invasão garimpeira piorou depois que Bolsonaro chegou ao poder. O presidente disse que a reserva é muito grande para a sua população de cerca de 26 mil indígenas, e suas riquezas minerais deveriam ser exploradas. Seus ministros se encontraram com líderes dos garimpos.
Mas os garimpeiros trazem malária, prostituição e violência, dizem os líderes indígenas, enquanto cientistas dizem que o mercúrio usados pelos mineiros para separar as partículas de ouro da lama e do lodo entra nos rios e na cadeia alimentar. Seus poços e barcas estressam ecossistemas, afugentam a vida selvagem e enche os rios de lama que distorce o comportamento dos peixes e suas crias.
"Alguém deveria nos ajudar. O governo não se importa, eles querem acabar com os índios", diz Geraldo Magalhães, 42, índio da etnia Ye'kwana e chefe da tribo Waikás, a duas horas de uma viagem de barco. em novembro líderes das tribos de maioria Ianomami e da bem menor Waikás enviaram uma carta a Bolsonaro. "Nós não queremos garimpo e mineração nas nossas terras", disseram. "Fora garimpo!".
Funai, a agência nacional que trabalha para proteger as terras indígenas, planeja reabrir três bases na reserva. Mas repetidas operações do exército falharam em mudar os mineiros.
O jornalista também procurou os garimpeiros. "Estamos aqui para conseguir ouro, são nossa riqueza", diz o garimpeiro Fredson Perosa, 40. "Todo mundo aqui está contando com a saída do exército para poder trabalhar de novo".
Os homens vêm de pequenas cidades das empobrecidas regiões do Norte e Nordeste brasileiras, onde eles dizem que salário mínimo são de US$ 250 (R$ 1.000) por mês, que mal dá para viver. "Você faz isso para manter a sua família", diz Denilson Nascimento, 33.
Os garimpeiros dizem que votaram em Bolsonaro depois que ele prometeu legalizar seu comércio. "Nós sabemos que isso causa danos ao meio ambiente", diz Antôno Almeida, 24, que tem um bar no local. "Mas há muita natureza, não há jeito de matar tudo."
A matéria continua falando dos impactos das minas ilegais no ecossistema da região, citando a pesquisa acadêmica sobre as pequenas minas artesanais do garimpo, além de outros estudos que mostram que 92% dos indígenas da região perto dos Wiakás, têm níveis acima do normal de mercúrio em suas cabelos.