A retomada das Ilhas Malvinas pela Argentina, em 2 de abril de 1982, foi de surpresa. A rendição do governador local, Rex Hunt, se deu às 9h30, duas horas após o desembarque dos inimigos. A princípio, a Argentina contou com menos de 3 mil homens. No decorrer do conflito, o contingente chegou a 12.500 militares.
A premiê britânica, Margaret Thatcher, em crise interna, logo resolveu reagir, enviando uma força-tarefa que demorou dias para cruzar os quase 13 mil km entre Londres e Port Stanley, capital das Malvinas. No dia 2 de maio, o submarino britânico HMS Conqueror torpedeou o cruzador General Belgrano, matando 323 argentinos, o que acuou o inimigo. O Reino Unido mostrava sua força. Em seguida, homens do Comando do Serviço Aéreo Especial (SAS) – que atuavam nas águas geladas e encaravam temperaturas de até 15 graus negativos – lançaram explosivos que destruíram seis aviões Pucará, quatro Turbo-Mentor e um Skyvan.
As tropas do SAS participaram ainda de missões de infiltração e sabotagem. Foi graças a informações privilegiadas obtidas por estes comandos utilizando transmissores do tamanho de caixas de fósforo e com 300 km de alcance que o Reino Unido reconquistou Geórgia do Sul, passo decisivo para a reaver as Malvinas.
A Operação Sutton, em 21 de maio, com o desembarque da Marinha Real na Baía de San Carlos, a 105 km de Port Stanley, foi o capítulo derradeiro do conflito. Uma semana depois, os britânicos já tinham mais de mil argentinos como prisioneiros. Port Stanley – rebatizada de Puerto Argentino pelos sul-americanos – foi o último bastião argentino, rendido em 14 de junho. A guerra acabou com 649 militares argentinos e 255 britânicos mortos e um prejuízo de US$ 5 bilhões para os derrotados.
A Guerra das Malvinas foi só mais um capítulo na história de disputas em torno do arquipélago. A primeira observação confirmada do local se deu em 1598 pelo navegador holandês Sebald de Weert. Mapas antigos dos Países Baixos se referiam aos territórios como Ilhas de Sebald. Britânicos e espanhóis, no entanto, garantem que seus exploradores já haviam descoberto o arquipélago antes, desde 1504, informações nunca confirmadas.
O primeiro conquistador a desembarcar lá foi o britânico John Strong, em 1690. Ele chamou as ilhas de Falklands em homenagem ao Visconde de Falkland, nobre escocês que patrocinara sua expedição.
O oficial e navegador francês Louis Antoine de Bougainville fundou uma base naval em Port Louis, na parte oriental, em 1764, dando largada a um processo de colonização. Bougainville chamou o local de Iles Malouines, em referência à cidade francesa de Saint-Malo. Deriva daí o nome Malvinas. Um ano depois, o britânico John Byron firmou uma base no lado ocidental. No ano seguinte, a França vendeu sua fatia à Espanha, que declarou guerra ao Reino Unido. Antes de qualquer embate, decidiu-se dividir as ilhas entre espanhóis e britânicos.
A colonização perpetuou-se até o início do século 19, quando o continente iniciou seus movimentos de independência. As Malvinas passaram anos abandonadas até que, em 1820, a Argentina enviou um mercenário americano para reocupar o território, dizendo-se herdeira dos direitos espanhóis. Luis María Vernet foi nomeado o primeiro governador em 1829.
A situação voltou a se agravar em 2 de janeiro de 1833, quando a fragata britânica HMS Clio, comandada pelo capitão John James Onslow, aportou nas Malvinas bradando que o Reino Unido voltava para reaver as ilhas. A Argentina abandonou o território sem oferecer resistência. Escoceses, galeses e irlandeses foram levados às Falklands para colonizá-las.