A justiça francesa pronunciou as primeiras condenações por apologia ao terrorismo, um delito recentemente introduzido no Código Penal francês, após os atentados que mataram 17 pessoas na semana passada em Paris.
Em Toulouse (sudoeste), um jovem de 21 anos foi condenado a 10 meses de prisão na segunda-feira, depois de ter sido preso por proclamar em um bonde sua solidariedade aos autores do ataque contra a revista satírica Charlie Hebdo.
Ao viajar sem passagem, ele foi conduzido para fora do veículo por autoridades gritando: "os irmãos Kouachi são apenas o começo, eu deveria estar com eles para matar mais pessoas".
"Nós aplicamos pela primeira vez a lei de 14 de novembro de 2014, que reforça as disposições na luta contra o terrorismo", disse à AFP o procurador Patrice Michel.
"É preciso levar as ações a todos os níveis, é tarefa dos cidadãos, mas também dos juízes, não podemos recuar um centímetro", ressaltou, indicando que a lei criminaliza a "apologia pública de atos de terrorismo".
Em Toulon (sul), um homem de 27 anos foi condenado na segunda-feira a um ano de prisão por postar em seu Facebook imagens de jihadistas e publicar comentários defendendo os ataques sangrentos em Paris.
Ele continua livre, já que a promotoria ainda não pediu sua prisão imediata. Segundo seu advogado, o homem "queria fazer uma brincadeira, provocar".
Em Estrasburgo (nordeste) e Nice, o julgamento de dois homens pelo mesmo delito de apologia ao terrorismo foi adiado, mas ambos continuam detidos.
O primeiro compartilhou em sua conta no Facebook uma fotografia de um rifle no chão com várias munições e uma frase escrita à mão: "Beijos da Síria, Bye bye Charlie". O segundo é acusado de ter gritado por duas vezes a policiais em frente a uma delegacia "100% Kouachi".
Várias outras pessoas foram condenadas por violência em Toulouse e Orleans (centro) por ameaçar matar policiais com Kalashnikovs, a arma usada pelos autores dos atentados.