Promotora que investiga morte de Nisman desiste de tirar férias

Promotora estaria sofrendo pressão do governo, que a quer fora do caso
Da Folhapress
Publicado em 04/02/2015 às 13:41
Promotora estaria sofrendo pressão do governo, que a quer fora do caso Foto: Foto: AFP


No centro das atenções nacionais e internacionais, a promotora argentina Viviana Fein, que investiga a morte misteriosa de Alberto Nisman, desistiu de tirar de férias.

Fein havia afirmado, nesta terça (3), que sairia de férias por 15 dias, no próximo dia 18, e foi criticada tanto por opositores quanto pelo próprio governo. Nisman foi encontrado morto há pouco mais de duas semanas e ainda não está claro se ele se suicidou, foi assassinado ou cometeu um suicídio induzido.

O chefe de Fein, Ricardo Sáenz, deu entrevistas em que afirmou que a promotora está sofrendo pressão do governo, que a quer fora do caso. Nesta quarta (4), o secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, disse que Fein não deveria tirar férias.

No dia anterior, ele havia classificado de "papelão" os comunicados contraditórios emitidos pela promotora sobre provas encontradas no lixo da casa de Nisman. Eram rascunhos de uma denúncia em que ele pedia a prisão de Cristina Kirchner e aliados. Fein primeiro negou sua existência e, depois, confirmou que os rascunhos existem.

"Deveria suspender as férias por razões de trabalho e deveria seguir investigando. Longe de querer que ela seja afastada do caso, pelo menos na minhão opinião pessoal, pediria à promotora que não saísse de férias", disse Fernández a jornalistas.

Outra especulação que perdeu força nesta quarta (4) é que a promotora poderia se aposentar já no fim do mês. Fein cumpriu 40 anos de trabalho na promotoria e poderia se aposentar. A interlocutores, Fein teria dito que não abandonará o caso.

SEM JUIZ

O caso do atentando à Amia, em 1994, no qual Alberto Nisman estava trabalhando, corre o risco de ficar sem juiz. O atual responsável, Ariel Lijo, já se declarou impedido. Ele analisa a parte do atentado que envolveria o braço argentino na operação contra a entidade judaica.

Lijo disse que, no processo sob sua responsabilidade, não há nenhuma referência ao governo Cristina Kirchner e que o suposto acordo feito pela presidente com o governo do Irã para livrar os acusados iranianos ocorreu após o início do seu trabalho. Assim, trata-se de um outro caso.

Um novo juiz foi sorteado, Daniel Rafecas, que já negou interesse em assumir o caso. Um novo nome deverá ser sorteado. Exames de DNA indicaram que não foram encontrados vestígios de outra pessoa no corpo e nas roupas de Nisman, nem na arma que fez o disparo, o que reforçaria a hipótese de suicídio.

Por outro lado, não foram encontrados rastros de pólvora na mão de Nisman e o promotor deixou uma lista de compras para a empregada, que iria no dia seguinte à sua casa. Essas provas sugerem que possa ter ocorrido um assassinato ou suicídio induzido.

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