Em novos ataques anti-imigrantes, várias lojas e carros de estrangeiros foram incendiados no centro de Johannesburgo durante a madrugada desta sexta (17).
Temendo por sua segurança, cerca de cem estrangeiros se abrigaram durante a madrugada em uma delegacia, disse o porta-voz da polícia, o tenente-coronel Lungelo Dlamini. Alguns também ficaram em um centro comunitário.
Mais tarde, manifestantes de uma residência de trabalhadores saíram às ruas para exigir que os estrangeiros deixem a África do Sul.
Para evitar choques entre eles e imigrantes de um grupo de audodefesa armados com machetes, a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha na área. Ao menos 18 pessoas foram detidas, disse Dlamini.
Os estrangeiros reclama que a polícia sul-africana vem falhando em protegê-los, levantando a perspectiva de tensões entre Pretória e seus vizinhos, assim como o risco de hostilidade contra os sul-africanos que trabalham no exterior.
A onda de violência começou no início do mês no porto de Durban e até o momento deixou seis mortos. Nesta sexta em Durban, porém, a situação estava calma, disseram autoridades.
"Condenamos a violência de forma contundente. Convocamos a calma e pedimos o fim da violência", declarou na quinta-feira (16) ante o Congresso o presidente sul-africano, Jacob Zuma.
A violência teve início dias depois de o rei zulu Goodwill Zwelithini dizer à imprensa que os estrangeiros deveriam deixar a África do Sul. Posteriormente, ele afirmou que seus comentários foram mal interpretados.
No vizinho Zimbábue, a polícia se envolver em pequenos confrontos com dezenas de manifestantes em frente da embaixada sul-africana. Os manifestantes entregaram uma petição para funcionários da embaixada reivindicando o fim da violência na África do Sul.
A China, a União Africana e o Maláui pediram que a África do Sul ofereça mais proteção aos estrangeiros, enquanto o governo sul-africano pediu apoio diplomático dos países de todo o continente para derrotar o "demônio" da violência anti-imigrante.
"Acreditamos que, trabalhando juntos, podemos vencer esse demônio", disse o chanceler sul-africano, Maite Nkoana-Mashabane.
O Maláui contratou ônibus para repatriar 500 de seus cidadãos, e o Quênia e outros governo africanos também ofereceram essa possibilidade àqueles que se sintam ameaçados.
Em Moçambique, pessoas realizaram um protesto bloqueando temporariamente o posto de fronteira de Ressano Garcia, entre o país e a África do Sul.
O grupo petroquímico Sasol disse que repatriaria 340 sul-africanos trabalhando em Moçambique depois que empregados locais em um de seus projetos de gás reclamaram da presença de cidadãos do país.
No início do ano, outros ataques em Soweto, ao sul de Johannesburgo, obrigaram comerciantes de nacionalidade estrangeira a abandonar suas propriedades e fugir, diante do medo de serem assassinados.
O desemprego chega a 25% na África do Sul, e as perspectivas econômicas são ruins para este ano.