O exército sírio bombardeou neste domingo (26) a cidade estratégica de Jisr al-Chughur, na província ocidental de Idleb, um dia após ela ter sido tomada por combatentes da Al-Qaeda e rebeldes islamitas, o que representa uma nova derrota para o regime de Bashar al-Assad.
Cerca de 20 km ao norte, perto da fronteira turca, ao menos 34 pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças, em outros ataques do regime contra a cidade de Darkush, sob controle rebelde, relatou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"O número de mortos deve aumentar em razão das dezenas de pessoas feridas, muitas delas gravemente", acrescentou o diretor da organização, Rami Abdel Rahmane.
A aviação de Damasco atacou ao menos quatro vezes Jisr al-Chughur, cidade do noroeste do país, localizada perto da fronteira turca e das regiões de Latakia (oeste) e Hama (centro), ambas sob o controle do regime de Bashar al-Assad.
A ONG não pôde fornecer nenhum balanço de vítimas dos ataques, mas indicou que ao menos 27 pessoas morreram em combates no sábado. "Os mortos devem aumentar com os ataques da noite e deste domingo de manhã", segundo Rami Abdel Rahmane.
A agência Sana declarou, por sua vez, que os grupos terroristas cometeram "um horrível massacre de mais de 30 civis, incluindo mulheres e crianças (...) depois de terem entrado em Jisr al-Chughur". Uma informação que o OSDH não pôde confirmar.
Os combates prosseguem ao sul desta cidade que possuía 45.000 habitantes antes do levante de 2011. De acordo com o OSDH, as forças do regime tentaram em vão libertar 30 soldados e 10 milicianos pró-regime feitos prisioneiros no hospital geral localizado no sul da cidade.
Por sua vez, a televisão síria afirmou que o exército fez uma emboscada e "matou um grupo de terroristas" nos arredores do hospital.
No sábado, combatentes da Frente Al-Nosra - braço sírio do grupo extremista sunita Al-Qaeda - tomaram, com a ajuda de grupos rebeldes islamitas, o controle desta cidade, depois de terem conquistado Idleb, a capital da província homônima, há menos de um mês.
Uma fonte militar síria, citada pela agência oficial Sana, disse que "unidades do exército haviam se mobilizado ao redor de Jisr al-Chughur para evitar baixas entre a população civil".
Na noite de sábado, estas tropas "atacaram posições militares conquistadas pelos rebeldes ao redor da cidade", acrescentou a Sana.
A presença do regime na província de Idleb está agora limitada às localidades de Ariha, a 25 km de Jisr al-Chughur, Al-Mastumé e Qarlmid, perto de Ariha, onde estão localizados quartéis do exército.
Os territórios que controla estão quase inteiramente cercados por várias forças jihadistas, como o grupo Estado Islâmico (EI).
A coalizão que tomou Jisr al-Chughur, que se autodenomina o Exército da Conquista, é um agrupamento de várias facções islamitas. Além da Frente Al-Nosra, conta com outras formações como Ahrar al-Sham, a Irmandade Muçulmana, vários grupos jihadistas e batalhões do que resta do Exército Sírio Livre (ESL).
De acordo com o especialista em Oriente Médio Thomas Pierret, uma coalizão tão diversa foi possível graças a um acordo entre os três patrocinadores regionais dos rebeldes, Arábia Saudita, Turquia e Catar, outrora rivais.