Tsipras busca apoio político na Grécia para adotar plano europeu

Diante da oposição, Tsipras debateu uma possível remodulação do governo com vários integrantes de sua maioria política
Da AFP
Publicado em 14/07/2015 às 16:50
Diante da oposição, Tsipras debateu uma possível remodulação do governo com vários integrantes de sua maioria política Foto: Foto: ARIS MESSINIS / AFP


O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras enfrenta nesta terça-feira (14), em Atenas, a árdua tarefa de 'vender' em seu país as medidas draconianas exigidas pela zona do euro, e que devem ser aprovadas no parlamento na quarta-feira.

De volta de Bruxelas, Tsipras buscou o apoio do povo grego, do parlamento e de seu partido de esquerda, Syriza, que venceu as eleições em janeiro com a promessa de acabar com cinco anos de dura austeridade, imposta em troca de dois planos de resgate.

"Tsipras faz um 'sprint' em Atenas após uma maratona em Bruxelas", ilustrou o jornal liberal Kathmerini, ao referir-se às consultas feitas na capital grega com membros do Syriza, alguns dos quais acusam o primeiro-ministro de rendição ou capitulação na segunda-feira diante das imposições da Alemanha. 

"Esse acordo pode passar (no parlamento) com os votos da oposição, mas não com os votos do povo grego", alertou o ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, da ala 'dura' do Syriza.

Diante da oposição, Tsipras -que pretende apresentar um executivo unido na votação parlamentar desta quarta-feira- debateu uma possível remodulação do governo com vários integrantes de sua maioria política, informou a rede pública ERT.

Vinte e quatro horas depois da conclusão do acordo, o presidente francês François Hollande afirmou que a Grécia não foi humilhada por esse acordo. "Eu não aceito que um povo seja humilhado. A humilhação seria tirá-los da zona do euro", argumentou em uma entrevista à televisão. 

 

Projeto de lei

Os sécios europeus da Grécia exigiram uma reforma do IVA, uma reforma fiscal e do sistema de aposentadorias, assim como a introdução de uma regra orçamentária, entre outras medidas.

O projeto de lei sobre as reformas foi apresentado nesta terça-feira ao parlamento e, depois de ser examinado pelas comissões, poderá ser debatido na quarta-feira na Assembleia grega.   

Uma vez votadas as medidas, os líderes dos demais 18 países da zona do euro começarão as negociações com a Grécia sobre um novo programa de resgate com duração de três anos e por um valor de até 86 bilhões de euros. Trata-se do terceiro plano de resgate para a Grécia em cinco anos. 

A zona do euro analisa nesta terça-feira várias opções para que a Grécia possa enfrentar seus vencimentos da dívida de curto prazo (12 bilhões antes do fim de agosto) à espera desse possível terceiro resgate, em que a participação da zona do euro de entre 40 e 50 bilhões de euros.

Entretanto, o partido aliado com o Syriza no governo, o nacionalista Gregos Independentes (ANEL) ainda deve definir sua posição

Seu líder, Panos Kammenos, que ocupa o cargo de ministro da Defesa, disse que não aprova as duras medidas impostas pela Europa, mas que permanecerá no governo.

O próprio Tsipras teria dito que "a grande maioria do povo grego aprovará o acordo", que, segundo ele, permite ao país permanecer na zona do euro, abre o caminho para a reestruturação da enorme dívida pública (180% do PIB) e impedirá o colapso do sistema bancário.

 

Humilhação e escravidão

Entretanto, muitos gregos - que votaram em massa no "não" no referendo de 5 de julho sobre as propostas dos credores - manifestaram sua indignação através das redes sociais, com a hashtag #ThisIsACoup (Isso é um golpe). 

O sindicato dos funcionários públicos da Grécia, Adedy, convocou uma greve de 24 horas na quarta-feira, dia em que o acordo será votado pelo parlamento grego.

Para Haralambos Rouliskos, economista de 60 anos, o acordo com a zona do euro traz "miséria, humilhação e escravidão".

"Os credores da Eurozona estão tentando nos chantagear", diz Katerina Katsaba, 52 anos que trabalha em uma empresa farmacêutica.

O acordo de segunda-feira em Bruxelas pôs fim a cinco meses de tensas e fracassadas negociações entre Atenas e Bruxelas sobre a entrega de financiamento em troca de reformas.

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