Alunas nigerianas sequestradas pelo Boko Haram aparecem em novo vídeo

Último vídeo deste tipo foi divulgado em maio de 2017, quando uma jovem sequestrada apareceu empunhando uma arma e se recusando a voltar para casa
AFP
Publicado em 15/01/2018 às 10:58
Último vídeo deste tipo foi divulgado em maio de 2017, quando uma jovem sequestrada apareceu empunhando uma arma e se recusando a voltar para casa Foto: Foto: Handout / BOKO HARAM / AFP


O grupo jihadista nigeriano Boko Haram divulgou nesta segunda-feira (15) um novo vídeo mostrando 14 supostas jovens estudantes que foram sequestradas em Chibok (nordeste) em abril de 2014.

"Nós somos as filhas de Chibok. Pela graça de Deus, não voltaremos", diz uma das garotas, falando em nome do grupo, neste vídeo de 21 minutos. 

Nas imagens, três jovens aparecem com bebês em seus braços.

Este é o primeiro vídeo do tipo desde maio de 2017, quando uma jovem alegando ser uma das 219 estudantes do ensino médio sequestradas em abril de 2014 no estado de Borno, apareceu empunhando uma arma e se recusando a voltar para casa.

Não há indicação de quando e onde esta mensagem foi gravada, ou se as pessoas presentes estão sob coação.

Mas a maioria das jovens, vestindo longos hijabs na cor azul ou preto, tem o rosto fechado, olham para o chão e evitam olhar para a câmera.

Mensagens

"Nós criticamos as outras meninas de Chibok que escolheram retornar à Nigéria. Deus as abençoou e as levou para o 'califado' (...), mas, ao invés de agradecerem, escolheram voltar à descrença", continua sobre as meninas que escaparam quando foram sequestradas há quase quatro anos.

A jovem, que alterna a língua hausssa e a local de Chibok, também se dirige aos pais: "Vocês devem se arrepender (...) as chamas do inferno são o seu destino, se não se arrependerem, porque Alá nos criou para o adorarmos".

Ela também agradece ao líder do grupo jihadista, "nosso pai Abubakar Shekau, que nos casou. Vivemos no conforto (...) Abubakar Shekau é nosso líder".

Dado várias vezes como morto, Shekau também aparece no vídeo, atirando com uma metralhadora antes de pronunciar um sermão de cerca de 13 minutos.

"Alá nos ordena a manter como prisioneiro, libertar sem condições ou trocar os reféns que capturamos (...) aquelas que preferem ser infiéis e retornarem aos seus pais, nós permitimos que partam, segundo o que Alá nos ordena", assegura o líder extremista.

Um total de 276 meninas foram sequestradas em abril de 2014 em sua escola do ensino médio em Chibok, estado de Borno, provocando uma onda de indignação internacional.

Delas, 57 conseguiram escapar no momento do seu sequestro e 107 foram encontradas, resgatadas ou libertadas após negociações entre o governo e os insurgentes islâmicos.

Boko Haram, que significa "a educação ocidental é um pecado", realiza campanhas sangrentas contra professores e estudantes no nordeste da Nigéria, onde querem estabelecer o seu califado.

O grupo extremista, que utiliza sequestros em massa para recrutar, raptou dezenas de milhares de pessoas.

Desde 2009, o conflito deixou pelo menos 20 mil mortos e 2,6 milhões de deslocados na Nigéria.

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