Relatório da OIT aponta para aumento de empregos precários em 2018

Entre empregos precários estão trabalho autônomo, de meio período ou sem vínculo formal. Em 2017, 1,39 bilhão de trabalhadores no mundo estavam nessa condição
ABr
Publicado em 23/01/2018 às 22:54
Entre empregos precários estão trabalho autônomo, de meio período ou sem vínculo formal. Em 2017, 1,39 bilhão de trabalhadores no mundo estavam nessa condição Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), embora a taxa de desemprego mundial deva ficar estabilizada em 5,5% em 2018, os empregos precários tendem a crescer neste ano. A projeção está no relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2018, divulgado pela OIT.

Entre empregos precários estão trabalho autônomo, de meio período ou sem vínculo formal. Em 2017, 42,5% dos trabalhadores no mundo estavam nessa condição, totalizando 1,39 bilhão de pessoas. Para 2018 e 2019, a expectativa é de que mais 35 milhões de trabalhadores passem a ocupar postos assim, totalizando em 2019, de acordo com as projeções da OIT, 1,42 bilhão de pessoas com vínculos precários de emprego.

Essa forma precária de trabalho é mais comum em países mais pobres. Nas nações em desenvolvimento, 75% dos empregos são vulneráveis. Já nos países chamados de emergentes, o índice é de 46%. Nos mercados mais ricos, essa taxa cai para 42%.

"Embora o desemprego global tenha se estabilizado, os déficits de trabalho decente continuam generalizados e a economia global ainda não está criando empregos suficientes. Esforços adicionais devem ser implementados para melhorar a qualidade dos empregos para os trabalhadores e assegurar que os ganhos de crescimento sejam compartilhados de forma equitativa", defende o Diretor-Geral da OIT, Guy Ryder.

Precarização

Segundo o professor José Dari Krein, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), há um movimento em diversos países de flexibilização das relações trabalhistas que estimula o surgimento de postos precários, com ocupações em tempo parcial, autônomas ou por demanda.

O professor Krein conta que na Inglaterra, por exemplo, os empregos denominados “zero hora” já representam 30% do mercado. Esse tipo de contrato, a exemplo do trabalho intermitente criado na reforma trabalhista brasileira, prevê que o trabalhador fique à disposição de um empregador mas só receba pelo tempo efetivamente cumprido.

Na Alemanha, apesar da taxa de desemprego estar abaixo dos 5%, há o crescimento da modalidade conhecida como “mini jobs” (mini empregos, em tradução livre), de curta duração. Nos Estados Unidos, que tem taxa de desemprego de 4,9%, de acordo com Banco Mundial, há 40 milhões de pessoas em ocupações precárias, diz Krein.

No Brasil, com a criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), houve uma migração importante de pessoas para essa forma de prestação de serviço. Em 2017, já eram mais de 7 milhões de MEIs, segundo o Sebrae. “Metade desses eram assalariados antes. Ou seja, você supostamente é empregado, mas perde diversos direitos e proteções trabalhistas. Isso significa uma inserção [no mercado de trabalho] muito mais precária”, aponta o professor.

Extrema pobreza

A OIT destaca também em seu relatório a dificuldade em reduzir o número de trabalhadores em extrema pobreza – termo que designa quem recebe menos de US$ 1,90 por mês (equivalente a R$ 6,13). Em todo o mundo, 300 milhões de pessoas se encaixam nessa categoria, segundo o documento. A projeção para 2018, é de que esse número seja reduzido em 10 milhões, chegando a 290 milhões.

Se consideradas também as pessoas que se encaixam na chamada pobreza moderada – com renda de até US$ 3,10 por dia (equivalente a R$ 10) –, o contingente sobe para 700 milhões de trabalhadores.

Do total de trabalhadores em nações mais pobres, 40% estarão na faixa de extrema pobreza e 26,2% na moderada em 2018, segundo o relatório da OIT.

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