A visita a Pequim do líder norte-coreano, Kim Jong-un, esta semana, é um sinal de que a segunda cúpula entre ele e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é "iminente", avaliou nesta quinta-feira (10) o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.
"Acredito que a visita à China do presidente Kim Jong-un terá um efeito muito positivo para o sucesso da segunda cúpula EUA-Coreia do Norte", declarou Moon à imprensa.
Kim foi recebido pelas autoridades chinesas com grande pompa no Palácio do Povo, em Pequim. A China é seu principal apoio diplomático e econômico.
O homem forte de Pyongyang, que viajou de trem e recebeu o apoio do presidente chinês, Xi Jinping, em suas discussões com Washington, prometeu fazer a segunda cúpula com Trump dar "resultados" que respondam às expectativas da comunidade internacional, aponta um balanço publicado pela agência de notícias chinesa Xinhua.
Já Xi Jinping disse ao líder norte-coreano que Pequim apoiará uma eventual segunda cúpula entre ele e o presidente americano e que espera que os dois países encontrem um ponto intermediário.
Para o presidente chinês, existe uma "oportunidade histórica" para um "acordo político na península [coreana]", revelou a Xinhua no segundo dia da visita de Kim Jong-un a Pequim.
Xi acrescentou que a China está disposta a ter um "papel positivo e construtivo" para manter a paz e a estabilidade, e para obter a "desnuclearização" na Península Coreana.
Simultaneamente, a agência de notícias norte-coreana KCNA anunciou que "Kim Jong-un expressou sua preocupação com o estancamento criado no processo para melhorar os laços entre Estados Unidos e a RPDC (Coreia do Norte) e nos diálogos sobre a 'desnuclearização'", mas garantiu que "o princípio de buscar uma solução pacífica por meio do diálogo não mudou".
Segundo muitos especialistas, em Pequim, chineses e norte-coreanos procuram aproximar suas posições antes do novo encontro com Trump. A data ainda não foi definida.
No domingo, o presidente Trump declarou que Washington e Pyongyang negociam um local para o encontro.
O diálogo entre Estados Unidos e Coreia do Norte sobre o arsenal nuclear de Pyongyang se estancou após a primeira cúpula entre Trump e Kim, realizada em junho passado, em Singapura. O encontro terminou em uma vaga declaração de intenções sobre a "desnuclearização".
Washington insiste em que as sanções das Nações Unidas devem seguir vigentes até que a Coreia do Norte renuncie a seu armamento nuclear, enquanto Pyongyang espera que sejam suspensas.
A China também defende um alívio das sanções.
De acordo com a Xinhua, Kim declarou que seu país se esforçará para "conseguir resultados que sejam do agrado da comunidade internacional" no próximo encontro com Trump e que "continuará comprometido com a ideia da 'desnuclearização' e de resolver o problema na península coreana por meio do diálogo e das consultas".
Mas o sentido que Pyongyang dá ao conceito de "desnuclearização da península" é problemático aos olhos dos Estados Unidos, uma vez que deve ser acompanhado pela partida das tropas americanas estacionadas na Coreia do Sul.
"Se o que o Norte colocar sobre a mesa após a cúpula com a China não corresponder às expectativas de Washington, haverá tensões e novas dúvidas sobre a realização de uma segunda reunião", adverte Kim Han-kwon, analista da Academia Nacional Diplomática da Coreia, um think tank sul-coreano.
Nenhum tratado de paz foi assinado ao final da Guerra da Coreia (1950-1953), com a península ainda dividida entre dois Estados tecnicamente em guerra.
No início do ano passado, após uma troca de ameaças e insultos, Kim e Trump deram início a uma aproximação surpreendente.
Pequim também se aproximou de Pyongyang depois de aplicar sanções internacionais contra o vizinho.
Para Bonnie Glaser, do Center for Strategic and International Studies (CSIS), um centro de estudos americano, a China também espera acompanhar de perto a questão norte-coreana.
"Ela considera que seus interesses não estão ameaçados pela melhoria das relações intercoreanas. Mas a possibilidade de um alinhamento da Coreia do Norte com os Estados Unidos, potencialmente contra Pequim, constitui um pesadelo", afirmou.
Ao longo dos anos, a Coreia do Norte realizou seis testes nucleares e desenvolveu mísseis balísticos que, de acordo com especialistas, podem atingir os Estados Unidos.