Os pais da "casa dos horrores" na Califórnia se declararam culpados nesta sexta-feira (22) de 14 acusações, inclusive abuso e tortura contra 12 de seus 13 filhos, informou a promotoria.
David Turpin, de 57 anos, e Louise Turpin, de 50, foram detidos em janeiro de 2018, após uma denúncia feita por uma das filhas do casal, que conseguiu fugir e chamar a Polícia.
Os Turpin foram acusados de tortura, confinamento e abuso infantil contra seus filhos biológicos, os quais espancaram e estrangularam, além de mantê-los desnutridos, de só permitir que tomassem um banho a cada ano e de nunca levá-los ao médico.
Sua audiência de sentença está prevista para 19 de abril, em uma corte do condado de Riverside. Os dois podem ser condenados à prisão perpétua.
o promotor do condado de Riverside, onde são julgados, Michael Hestrin, disse que em virtude da declaração de culpa serão sentenciados ao "máximo que podem receber segundo a lei da Califórnia", que é a prisão perpétua, com direito à audiência para a liberdade condicional em 25 anos.
"Este é um dos casos mais graves, um dos piores de maus-tratos infantis que vi na minha carreira de promotor", disse Michael Hestrin, promotor do condado, durante coletiva de imprensa na qual anunciou a decisão.
Hestrin disse que seu gabinete buscou esta declaração para evitar que os filhos dos Turpin, com idades entre 3 e 30 anos, tivessem que de depor na corte.
Os 13 irmãos estão aos cuidados dos serviços de proteção de crianças e adultos do condado.
"Me reuni com todas as vítimas nos dias anteriores, inclusive a de 3 anos", disse Hestrin. "Me cativou muito seu otimismo, a esperança no futuro. Tem vontade de viver e um grande sorriso"
A família morava em uma casa confortável da cidade de Perris, condado de Riverside, a sudeste de Los Angeles.
A filha Jordan Turpin, então com 17 anos, fugiu por uma janela e levando um celular, com o qual conseguiu ligar para os serviços de emergência. A operação foi planejada por dois anos.
Na ligação, informou que suas duas irmãs menores "estavam acorrentadas às suas camas" por violar as regras da casa, ao pegar caramelos na cozinha sem permissão.
"Às vezes, minhas irmãs acordam e começam a chorar" de dor. "Ligo para que ajudem minhas irmãs", disse na ocasião a jovem, que declarou ter educação equivalente ao primeiro grau e demonstrou ter dificuldades, inclusive, para soletrar seu sobrenome.
Ao ler um envelope, não conseguia distinguir entre o número da casa e o código postal de sua residência.
O oficial do xerife Manuel Campos, que respondeu à ligação de emergência, declarou à corte em janeiro que a jovem, que falava e parecia com uma menina, tinha os cabelos e a pele muito sujos e admitiu que estava "morta de medo".
Segundo a promotoria, todos os filhos foram submetidos a um "abuso prolongado" e ao resgatá-los foi preciso hospitalizá-los e colocá-los em tratamento físico e psicológico.