“O Reino Unido apoia veementemente a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Especialmente neste momento, em que as instituições multilaterais são cada vez mais questionadas, esse é um processo internacional de grande importância”.
A afirmação é do embaixador britânico no Brasil, Vijay Rangarajan, para quem “tem sido fantástico trabalhar com o governo brasileiro ajudando na implementação do acesso à OCDE. Esta é uma das mudanças mais profundas no momento para ambos, OCDE e Brasil. Essas reformas nem sempre são fáceis, mas esse comprometimento tem causado claro progresso. E nosso interesse de trabalhar cada vez mais com o Brasil é constante”, disse.
A posição de Rangarajan foi externada publicamente durante discurso nas festividades de comemoração do aniversário da Rainha Elizabeth II (The Queen’s Birthday Party), realizada na Embaixada Britânica na segunda-feira (18) à noite, em Brasília. A comemoração é considerada a data nacional do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
Os 67 anos no trono britânico fazem de Elizabeth II a monarca que está há mais tempo à frente de um país. É a única Chefe de Estado britânica a completar o Jubileu de Safira, que marcou seus 65 anos no trono em 2017. Durante o reinado, ela viu passarem 13 primeiros-ministros e oito papas, sendo também a primeira rainha a ter sua coroação televisionada mundialmente, a primeira a enviar um e-mail, fazer um tuíte e um post no Instagram.
Além dos 93 anos de Sua Majestade, a “Queen’s Birthday Party” realizada em Brasília celebrou também a popularidade da música britânica, comemorando grandes sucessos que fizeram história ao redor do mundo. Desde as icônicas bandas Rolling Stones, The Beatles, Dire Straits, The Police e artistas como Amy Winehouse, Sting, Eric Clapton e Elton John, o Reino Unido produziu algumas das figuras mais populares do cenário musical mundial.
Segundo o embaixador, a paixão pela música é mais uma característica compartilhada entre os povos do Brasil e do Reino Unido. “ A música é uma paixão do nosso povo e é também mais uma das formas que usamos para nos tornar mais próximos. A sensação é que esses nomes memoráveis deixaram também a nossa marca pelo mundo e sabemos que essa influência é muito forte no Brasil”, afirmou Rangarajan.
Sobre o processo do Brexit, o embaixador disse que a Grã-Bretanha “está certamente passando por uma política doméstica complexa. Mas independentemente de quando ou como iremos sair da União Europeia, o Reino Unido continuará promovendo a abertura do comércio e investimento dos mercados, com regras compartilhadas e padrões altos, nos interesses de uma prosperidade mútua.
Sobre a crise na Venezuela, o embaixador britânico, que esteve no estado de Roraima no mês passado, chegando até a fronteira venezuelana em Pacaraima, disse quepode ver “em primeira mão, o excelente trabalho do Exército brasileiro na Operação Alcolhida, com as Nações Unidas”
Segundo Rangarajan, o grau de integração e harmonia no apoio aos refugiados “é surpreendente. Os brasileiros devem se orgulhar do que está sendo feito. Existem lições sobre gerenciamento de crises aqui que todo o mundo poderia aprender. Mas, claro que os desafios continuam, nas áreas da saúde, da interiorização, e em encontrar uma solução política que possa restaurar a paz e a democracia na Venezuela. O Reino Unido está em apoio ao Brasil para que isso aconteça”.
Outro assunto abordado pelo embaixador em seu discurso foi o desafio global de mudança climática. “O Reino Unido apoia veementemente o trabalho internacional que está acontecendo nessa frente. E queremos sediar a crucial COP 26, a Conferência do Clima da Nações Unidas no ano que vem, através da presidência do evento no Reino Unido, em parceria com a Itália.
Segundo Rangarajan o Reino Unido é “a primeira economia do G7 (composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) a aspirar uma conquista de zero carbono até 2050 – algo que já foi legislado e adicionado como lei no país”.
Ele ressaltou que o Brasil “é um parceiro crucial” para as ações do clima. “As forças dos setores brasileiros de energia e agricultura são claras, assim como é o caminho desenvolvido pelo Embrapa para gerar uma economia cada vez menor em carbono, dando uma vantagem competitiva real ao país. Claro que o peso diplomático do Brasil será essencial para qualquer acordo final sobre o clima”.