O Facebook lança nesta sexta-feira (25) sua seção de notícias, com conteúdo produzido por profissionais, no mais recente passo da rede social para promover o jornalismo e perder sua reputação de plataforma de desinformação.
A seção, que está sendo testada com alguns usuários dos EUA, será separada do feed normal do usuário e inclui artigos de organizações de notícias parceiras - fazendo uma distinção clara entre jornalismo e matérias compartilhadas por usuários a partir de uma ampla gama de fontes.
"Será a primeira vez que haverá um espaço dedicado no aplicativo (do Facebook) que é focado em jornalismo de alta qualidade", disse o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, a uma plateia em Nova York em uma aparição conjunta com Robert Thomson, CEO da News Corp, um dos parceiros do projeto.
A mistura de matérias no Facebook News será determinada por "personalização" algorítmica com base nas preferências e dados de um usuário, e com jornalistas escolhendo parte do conteúdo. A empresa disse que os usuários teriam "mais controle sobre as histórias que veem e a capacidade de explorar uma gama maior de seus interesses de notícias, diretamente no aplicativo do Facebook".
Espera-se que o Facebook pague algumas das organizações de notícias - supostamente milhões de dólares em alguns casos -, mas ainda não divulgou todos os detalhes. Zuckerberg disse que vê o esforço como importante, mesmo se for usado apenas por uma pequena porcentagem de usuários do Facebook, e que a empresa está em discussões para levar o recurso a outros países. "Queremos fazer algo assim também em todo o mundo", acrescentou.
A rede social fez parceria com cerca de 200 organizações de notícias, incluindo The Wall Street Journal, USA Today, The Washington Post, CBS News, BuzzFeed, Fox News, Boston Globe, Bloomberg e Vanity Fair. Zuckerberg defendeu a inclusão de parceiros que alguns criticam como partidários políticos, como o site de direita Breitbart, dizendo que a seção de notícias "precisa ter uma diversidade de opiniões".
O Facebook disse que iniciaria um lançamento de teste que "mostraria matérias originais locais" de publicações nas principais cidades, incluindo Nova York, Los Angeles, Chicago, Dallas, Filadélfia, Houston, Washington, Miami, Atlanta e Boston. Os tópicos incluirão negócios, entretenimento, saúde, ciência e tecnologia e esportes.
A medida representa o esforço do Facebook para reiniciar seu relacionamento com organizações de notícias, muitas das quais criticaram a plataforma por não deter a disseminação de informações erradas e por receber grande parte da receita de anúncios on-line. O plano reúne o Facebook e a News Corp de Rupert Murdoch.
Thomson, CEO da News Corp, que no ano passado denunciou o que chamou de cenário on-line "disfuncional" que dificultava o sucesso das editoras, celebrou a iniciativa do Facebook na apresentação conjunta com Zuckerberg. "É um poderoso precedente que ecoará pelos departamentos editoriais", disse Thomson, cuja empresa inclui o Wall Street Journal. "Isso começa a mudar os termos de troca do jornalismo de qualidade".
O professor da Northeastern University, Dan Kennedy, disse que a seção pode ajudar os usuários do Facebook a distinguir entre desinformação e notícias profissionais. "Consumidores de notícias menos experientes podem não ser capazes de diferenciar entre notícias virais exageradas ou falsas e jornalismo real de organizações de notícias respeitadas", disse Kennedy. "Então isso deve ajudar muito."
Mas Kennedy disse que pode ser problemático que o Facebook esteja pagando apenas as organizações de mídia mais ricas, aumentando as dificuldades para pequenas empresas locais. Ken Paulson, ex-editor do USA Today que hoje dirige o Centro de Liberdade de Expressão da Universidade Estatal Middle Tennessee, concordou que a iniciativa promoverá melhor conteúdo. "Minha esperança de longo prazo para o setor de notícias é que mais consumidores reconheçam a diferença entre qualidade e caos e estejam dispostos a pagar pelas coisas boas", disse Paulson.