Presidente chileno vai levantar estado de emergência a meia-noite

No Twitter, a Presidência do Chile anunciou que decretos já haviam sido assinados para que estado de emergência fosse levantado
AFP
Publicado em 27/10/2019 às 17:15
No Twitter, a Presidência do Chile anunciou que decretos já haviam sido assinados para que estado de emergência fosse levantado Foto: Foto: Raul Goycoolea / AFP


O presidente Sebastián Piñera anunciou neste domingo (27) que vai levantar a partir da meia-noite o estado de emergência em todas as regiões do Chile onde foi decretado em razão dos protestos sociais.

Em uma mensagem na conta do Twitter da Presidência do Chile, foi anunciado que o presidente Piñera "assinou os decretos necessários para que, a partir das 00:00 da segunda-feira 28 de outubro, seja levantado o estado de emergência em todas as regiões e comunas onde foi estabelecido".

Milhares de pessoas marcharam neste domingo até a sede do Congresso Nacional, em Valparaíso (a 120km de Santiago), na maior manifestação em décadas naquela região, que se seguiu a um protesto que reuniu mais de 1 milhão de pessoas na capital chilena na última sexta-feira.

Colunas de manifestantes tomaram a avenida Espanha, que liga as cidades de Viña del Mar e Valparaíso, agitando bandeiras chilenas e exigindo mudanças profundas no modelo econômico do país.

"A fortaleza do movimento social que tomou as ruas foi sua transversalidade e seu caráter pacífico e construtivo. Nosso chamado é que, em Valparaíso, continue sendo assim. Hoje mais do que nunca, ante o fracasso da estratégia de segurança do governo, que não evita saques e incêndios", disse o prefeito daquela cidade, Jorge Sharp.

Em frente à casa de governo, em Santiago, mil ciclistas se reuniram em protesto contra Piñera. Já no parque O'Higgins de Santiago, cerca de 15 mil pessoas se concentraram, segundo a polícia, em um ato cultural chamado "O direito de viver em paz".

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A pressão se mantém sobre o presidente, de direita, à espera de que se concretize a mudança de gabinete que ele anunciou ontem, juntamente com medidas que complementem o pacote que ele divulgou na semana passada e que muitos chilenos consideram insuficiente.

Os protestos já causaram 20 mortes, cinco delas causadas por agentes do Estado, no momento em que crescem as denúncias de abusos contra os manifestantes e se esperam missões de verificação do escritório de direitos humanos das Nações Unidas e da Anistia Internacional.

Enquanto o presidente tenta responder aos protestos em massa, sua popularidade cai a 14%, frente a 29% na semana anterior à explosão social, segundo um estudo da consultoria Cadem realizado entre quarta e quinta-feira e divulgado hoje pelo jornal "La Tercera".

Os 14% rompem a marca que a mesma consultoria havia registrado em março de 2016, quando a presidente socialista Michelle Bachelet alcançou um mínimo de 18% após a revelação de um caso de corrupção que envolveu seu filho.

Neste domingo, centenas de voluntários voltaram às ruas para limpar a capital. Alguns pintavam muros, enquanto outros varriam o lixo e os pedaços de vidro espalhados por estações de metrô e esquinas por causa das barricadas erguidas durante os protestos da última semana.

 

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