atualizada às 14h23 do dia 26 de fevereiro de 2020
Autoridades sanitárias e civis estão em alerta por conta da infecção provocada pelo coronavírus. A doença já matou mais de duas mil mortes em todo o mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (26). O epicentro da doença é a China e a Itália é o país da Europa com o maior número de casos confirmados.
No Brasil, o primeiro caso foi confirmado pelas autoridades nesta quarta-feira (26). O paciente é um homem de 61 anos que chegou da Itália na sexta-feira (21). Com a confirmação, o homem, que deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, passa a ser oficialmente o primeiro caso da infecção no Brasil e na América do Sul. Ainda estão em investigação 20 casos suspeitos no seguintes estados: Paraíba (1), Pernambuco (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2), Santa Catarina (2) e São Paulo (11).
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou no dia 30 de janeiro emergência internacional de saúde devido ao novo coronavírus.
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Com a intenção de acompanhar os casos de contágio e mortes ocasionadas pelo coronavírus, com localizações exatas dos registros da doença, o Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, nos Estados Unidos, criou um mapa dinâmico que é atualizado em tempo real, e já se tornou uma das principais fontes de informação sobre abrangência da doença.
Atualizado diariamente e com acesso público e gratuito, o Wuhan Coronavirus Global Cases oferece o número de ocorrências por estados e países, a quantidade de casos confirmados, de óbitos e de pacientes recuperados, além da evolução do surgimento de novos casos da doença, conhecida desde 1960 e que voltou a assombrar a saúde pública mundial.
REPÚBLICA DA COREIA
977 casos confirmados e dez mortes
JAPÃO
157 casos e uma morte
SINGAPURA
90 casos
AUSTRÁLIA
22 casos
MALÁSIA
22 casos
VIETNÃ
16 casos
FILIPINAS
3 casos
CAMBOJA
1 caso
TAILÂNDIA
37 casos
ÍNDIA
3 casos
NEPAL
1 caso
SRI LANKA
1 caso
ESTADOS UNIDOS
53 casos
CANADÁ
10 casos
ITÁLIA
229 casos
ALEMANHA
16 casos
FRANÇA
12 casos
REINO UNIDO
13 casos
ISRAEL
2 casos
FEDERAÇÃO RUSSA
2 casos
ESPANHA
2 casos
BÉLGICA
1 caso
FINLÂNDIA
1 caso
SUÉCIA
1 caso
IRÃ
61 casos
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
13 casos
BAHREIN
8 casos
KUWAIT
8 casos
OMÃ
2 casos
AFEGANISTÃO
1 caso
EGITO
1 caso
IRAQUE
1 caso
LÍBANO
1 caso
*As informações são da Organização Pan-Americana de Saúde e o número de casos cresce diariamente
Os cientistas do Imperial College de Londres estimam que "em média, cada caso (de um paciente portador do novo coronavírus) infectou 2,6 pessoas a mais".
Chamada de "taxa básica de reprodução" ou R0, essa medida é importante para entender a dinâmica de uma epidemia.
No caso da Sars, estima-se que cada caso tenha infectado uma média de 2 a 3 pessoas (como a gripe), mas com grandes disparidades: havia "super transmissores" capazes de contaminar dezenas de pessoas.
No caso do novo vírus, há uma pergunta crucial: em que estado de infecção o paciente se torna contagioso. "O contágio é possível durante o período de incubação", ou seja, antes mesmo que os sintomas apareçam, disse Ma Xiaowei, diretora da Comissão Nacional de Saúde da China, no domingo. "É muito diferente da Sars", insistiu.
Essa hipótese, no entanto, baseia-se na observação de vários primeiros casos e ainda não está confirmada.
"Se isso for incomum, terá um impacto mínimo na evolução da epidemia, mas se for frequente, será cada vez mais difícil de controlar", explica o virologista Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham (Inglaterra).
Acima de tudo, dado que o período de incubação pode ser prorrogado até duas semanas, segundo estimativas. Se essa hipótese for confirmada, "medidas como controle de temperatura nos aeroportos seriam ineficazes", disse a professora britânica Sheila Bird.
A doença causada pelo novo coronavírus e a Sars apresentam sintomas comuns, de acordo com a observação dos 41 primeiros casos detectados na China.
Todos os pacientes sofriam de pneumonia, quase todos tinham febre, três em cada quatro tossiam e mais da metade apresentava dificuldades respiratórias.
Mas "existem diferenças notáveis com a Sars, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (congestão nasal, dor de garganta, espirros)", diz o Dr. Bin Cao, principal autor desses trabalhos publicados na revista The Magazine Lancet.
A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, e menos de um terço sofreu doenças crônicas (diabetes, problemas cardiovasculares...). Quase um terço teve uma condição respiratória aguda e seis morreram.
Embora não se possam tirar conclusões gerais devido aos poucos pacientes controlados do novo coronavírus, essas observações permitem elaborar um primeiro quadro clínico da doença - que já matou dezenas, principalmente na China - pois a nova infecção apresenta sintomas semelhantes aos da gripe de inverno, dificultando o diagnóstico.
Não existe vacina ou medicamento para o coronavírus e a assistência médica é para tratar os sintomas.
A epidemia de Sars foi contida em vários meses, graças à extensa mobilização internacional. A China impôs rígidas medidas de higiene à sua população, além de dispositivos de isolamento e quarentena.
O país também proibiu o consumo de gatos da algália, um mamífero pelo qual o vírus foi transmitido ao homem.
No caso do novo vírus, não se sabe até agora qual animal desempenha esse papel intermediário. Enquanto isso, a China proibiu o comércio de todos os animais selvagens.