São muitos os desafios a serem enfrentados pelo futuro governador do Estado para melhorar o transporte público da Região Metropolitana do Recife, gerido pelo Executivo Estadual. Combater a superlotação dos ônibus e a insegurança no sistema são os principais. Na sequência, refrigerar a frota de coletivos e garantir uma fonte de recursos, seja por taxação do automóvel ou não, para custear o setor além da tarifa. Por último, convencer os municípios a aderir à gestão metropolitana – no caso o Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) – e atuar para estimular a expansão da rede metroferroviária no Estado. Olhar para o metrô e os trens.
Os desafios foram elencados por especialistas ouvidos pelo JC. “A superlotação do sistema, sem dúvida, é o principal problema a ser enfrentado. E isso é resolvido de forma simples: dando prioridade viária aos coletivos para que cumpram os horários e as viagens projetadas. Ou seja, implantando Faixas Azuis. Embora a gestão da circulação seja dos municípios, cabe ao governador convencer os prefeitos a abrir espaço nas vias”, pontua César Cavalcanti, diretor regional Nordeste da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).
A refrigeração da frota significa o mínimo de conforto que um sistema de transporte pode oferecer. Mas novos equipamentos e tecnologias custam caro. “O sistema não pode ser financiado quase que totalmente pela tarifa. Temos que buscar mais. Seja com recursos do próprio governo e das prefeituras, das multas de trânsito, taxando a gasolina ou de fontes comerciais da exploração de serviços nos equipamentos do sistema”, destaca.
Para Fernando Jordão, professor de engenharia do transporte da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está mais do que na hora de o Consórcio Metropolitano de Transportes começar a funcionar efetivamente. “O governo gastou dinheiro para extinguir a EMTU e criar o CTM, sob o argumento de que a gestão metropolitana do transporte da RMR era fundamental. Mas até agora só Recife e Olinda aderiram. É missão do futuro governador intervir nesse processo junto aos prefeitos do Grande Recife. Convencê-los a assumir a responsabilidade”, defende.
Outro aspecto destacado pelo professor é o papel de articulador da expansão do sistema metroferroviário. “Pernambuco deu as costas ao transporte metroviário e ferroviário. Embora sejam sistemas de gestão federal, a má operação e a ausência deles têm impacto direto na população da RMR e de todo o Estado. O futuro governador precisa comprar essa briga, fazer articulações pela expansão desses sistemas.”
Sideney Schreiner, diretor-executivo de Planejamento da Mobilidade no Instituto Pelópidas Silveira (ICPS), acredita que segregar 100% dos corredores do sistema Bus Rapid Transit (BRT) – que hoje têm trechos nos quais os coletivos disputam espaço até com os automóveis –, revitalizar e empoderar política e financeiramente o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) são mais desafios urgentes.