Passado o auge das manifestações que reivindicavam principalmente sua saída do cargo, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), voltou neste domingo, 29, a defender o seu governo e, em tom de campanha, prometeu aumentar salários de delegados e inspetores da Polícia Civil fluminense. O anúncio foi feito durante solenidade de inauguração da Cidade da Polícia moderno complexo na zona norte do Rio que vai abrigar 14 delegacias especializadas e 3 mil policiais civis. Após discursar, Cabral foi aplaudido de pé pelas autoridades e centenas de policiais civis que estavam presentes ao evento, transformado em palanque para o governador exaltar o próprio governo.
"Quando chegamos, vocês (servidores) só viam os salários serem depositados no 15º, 16º dia do mês seguinte", disse o governador que enfrentou uma crise de popularidade após as manifestações, quando virou alvo da campanha "Fora, Cabral", pedindo seu impeachment, e ainda tenta se recuperar. "Já houve ano, há umas duas décadas, que o contracheque chegou, mas o salário não. O Estado do Rio foi o primeiro poder público subnacional na América do Sul a obter o investment grade. Ficamos dez anos no SPC-Serasa. O Estado batia nos bancos e não podia pegar empréstimo para nada. Nós já conseguimos R$ 2,1 bilhões apenas para investimentos".
Objeto de especulações sobre uma possível nomeação para um ministério depois que deixar o governo, provavelmente em dezembro - possibilidade confirmada por seguidores e rechaçada por adversários -, o governador fez um balanço positivo de sua gestão, iniciada em 2007, com seu primeiro mandato. Ele destacou a queda dos índices de criminalidade, a contratação de 50 mil servidores para diversas áreas através de concursos públicos, a implantação da política de meritocracia na administração, e a melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das escolas estaduais.
Cabral, que tem priorizado o interior, longe das manifestações, em sua agenda, também ressaltou a aprovação da gestão fiscal do Estado com a obtenção do grau de investimento de duas agências internacionais de classificação de risco.
Além dele, discursaram com elogios à atual administração o vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato do PMDB à sucessão de Cabral, o secretário Estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, e o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), deputado Paulo Melo (PMDB). "O senhor é o melhor governador que este Estado já teve!", disse o parlamentar.
Indagado pela reportagem qual o impacto da saída do PT do seu governo, com a entrega de duas secretarias prevista para o fim de novembro, Cabral desconversou. O senador petista Lindbergh Farias é pré-candidato ao governo estadual. Cabral, no entanto, tenta obter o apoio do PT à candidatura de Pezão. "Não tive nenhuma informação oficial da saída do PT. Leio isso nos jornais. O PT está conosco desde 2007. Vejo apenas especulações. Quem deseja ser candidato, deve trazer o debate. Mas este não é ano eleitoral. É ano de governo. Então temos o dever de governar".