Dossiê Sudene

Sarney na Sudene: não vim prometer, vim fazer

Chegando por uma fatalidade à Presidência da República, Sarney promete determinação no recado à autarquia. Na saída, o fantasma da inflação e da corrupção

Ayrton Maciel
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Ayrton Maciel
Publicado em 07/01/2014 às 6:10
Arquivo Sudene
Chegando por uma fatalidade à Presidência da República, Sarney promete determinação no recado à autarquia. Na saída, o fantasma da inflação e da corrupção - FOTO: Arquivo Sudene
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Presidente da República por uma fatalidade – a morte do presidente eleito pelo colégio eleitoral do Congresso Nacional, em 1985, Tancredo Neves (PMDB) –, o ex-governador do Maranhão e ex-senador José Sarney (PMDB) preside a 298ª Reunião do Conselho da Sudene, em 24 de maio daquele ano, lendo um discurso emocionado pela volta ao plenário que ocupou como conselheiro no regime militar, de 1966 a 1971.

Então como presidente, no período histórico da redemocratização, a Nova República, Sarney promete apenas trabalho “sem descanso nem hora” pelas mudanças e superação dos problemas sociais e econômicos do Brasil. “Trabalha-se no governo dia e noite. Não existem mais descansos, não temos calendários nem temos horas. Estamos brigando a sério com a inflação, a voz do povo é respeitada e os direitos humanos são sagrados. Nos falta uma presença: Tancredo Neves. Deixou ideias. Minhas deficiências serão supridas com determinação e coragem. Não vim aqui para prometer, vim para fazer”, diz.

Depois de lembrar suas origens, Sarney repete os antecessores, dizendo que a Região será prioridade. “Asseguro-lhes que aqui, no Nordeste, não haverá corte de verbas. (...) fazer corte em recursos do Nordeste seria o mesmo que tirar o pão da boca do cego. (...) A Nova República não é só esperança. Já demonstrou que é mudança. Restauramos as eleições diretas, o voto do analfabeto, as eleições nas capitais (...)”, presta contas do começo do mandato.

Sarney diz estar preparado para governar e assume o fortalecimento da Sudene: “Este, sem dúvida, não é um tempo de promessas. É um tempo de trabalho e de realizações. (...) Porque não existe, neste País, povo mais sofrido. Por vezes, foi obrigado a dispersar-se, fustigado pela fome (...) Serenidade e paciência de pernambucano recebi da gloriosa lição de minha mãe, de Correntes (Agreste). O Nordeste é sobretudo um estado de espírito. É o maior problema do País. Está na consciência de todos. (...) Não venho aqui para repetir a retórica dos convênios que tanto condenei. Venho para dar ordens de presidente. E vê-las obedecidas. O Nordeste vai funcionar. O Nordeste vai ser Brasil. A Sudene precisa reviver”, conclamou.

Ao final de cinco anos de governo, não tinha domado a inflação nem a corrupção, e serviu de lenha para o projeto de Collor.

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