Um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (1957), nomeado pelo presidente Juscelino Kubitschek e liderado pelo economista Celso Furtado, paraibano de Pombal, foi o nascedouro da Sudene. Com o título “Uma política de desenvolvimento econômico para Nordeste”, serviu de inspiração para o Conselho de Desenvolvimento do Nordeste (Codeno), em fevereiro de 1959, que levaria à criação da autarquia em 15 de dezembro daquele ano.
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A proposta era de ter um grande órgão de estudos, informação, planejamento, coordenação e controle do governo na Região. O objetivo era gerar as bases do desenvolvimento da maior e mais populosa região subdesenvolvida do hemisfério ocidental. A ideia era produzir informações que gerassem planos, que atraíssem recursos para investimentos e incentivos fiscais em empreendimentos.
A Sudene teria autonomia administrativa – que gradualmente foi retirada – e estava ligada à Presidência da República. Edições do Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco de 1959 retratam articulações, preparativos, iniciativas do governo e resistência de políticos ao projeto. Artigos de jornalistas saem em defesa da criação da Sudene.
Em 3 de janeiro é anunciada uma reunião do presidente com governadores nordestinos em 5 de fevereiro, visando a “ampla reformulação política e econômica do governo federal em relação ao Nordeste”. Seria um programa de criação de indústrias de base e modernização de indústrias tradicionais, como a têxtil, e reorganização da agricultura para resistir às secas. Em 12 de fevereiro, os jornais publicam entrevista de Juscelino na qual afirma que “a recuperação do Nordeste é a sua principal meta dali em diante” e promete o mesmo empenho na construção de Brasília.
Em janeiro de 1960, artigos revelam um conflito político-partidário e técnico, devido à reação da Câmara a uma emenda do Senado que desvinculava o DNOCS da Sudene, “o que garantiria a grupos conservadores a disposição de verbas destinadas às secas com objetivos particularistas”. “A Sudene surge como uma opção institucional para combater a indústria das secas, impossibilitando o enriquecimento individual e de prestígio político”, diz um dos textos dos jornalistas.