"Proponho, em nome da tranquilidade do Parlamento, que Eduardo Cunha se afaste e prove que não tem apego ao poder", declarou há pouco o vice-líder do governo na Câmara Federal, Silvio Costa (PSC). Em coletiva à imprensa, ele atacou o presidente da Casa, que acaba de anunciar seu rompimento com o governo Dilma Rousseff, e destacou as recentes denúncias de envolvimento de Cunha com os esquemas investigados pela Operação Lava Jato, segundo as quais teria recebido propina no valor de cinco milhões de dólares.
Ao anunciar seu rompimento, no início desta manhã, Cunha esbravejou contra os rumos da investigação, fazendo referências ao doleiro e empresário Alberto Youssef, que intermediou propinas e tem realizado denúncias à polícia federal, num esquema de "delação premiada". "Acho estranho que este senhor tenha falado da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, tenha falado que eles sabiam de tudo e não houve providência neste sentido", queixou-se Cunha.
"Do ponto de vista moral, Eduardo Cunha perdeu as condições de continuar à frente da Câmara Federal. Todas as vezes que um ministro, por exemplo, é acusado, a primeira providência é pedir seu afastamento do cargo. Minha posição, portanto, é pedir o afastamento temporário do presidente Eduardo Cunha enquanto a Operação Lava Jato não for concluída", detalhou Silvio Costa, acrescentando que o peemedebista carioca "nunca possuiu condições morais de assumir o cargo" e que por isso não teria recebido seu voto, na época em que foi escolhido presidente da Câmara dos Deputados.