A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (12) que não permitirá "retrocessos" no país, e recorreu a uma canção do artista Lenine para resumir o atual cenário de crise política. "Nos maus tempos da lida eu envergo, mas não quebro", afirmou a milhares de mulheres, reunidas na 5ª Marcha das Margaridas, em Brasília.
A presidente foi recebida pela plateia aos gritos de "Não vai ter golpe" e "Olê olê olá, Dilma" e fez o discurso no centro de uma gigante margarida, instalada no campo do estádio Mané Garrincha.
Lideranças do movimento reforçaram posição crítica a eventual afastamento da presidente antes da conclusão de seu mandato.
A marcha, que mais cedo havia pedido a "cabeça de Cunha" ao referir-se ao presidente da Câmara e desafeto de Dilma Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem patrocínio do governo federal.
A Caixa Econômica Federal entrou com R$ 400 mil, mesmo valor que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A Itaipu Binacional pagou menos: R$ 55 mil.
Dilma também ouviu discurso elogioso da ministra Eleonora Menecucci, companheira de prisão nos tempos da ditadura militar. A titular da Secretaria de Mulheres afirmou que a presidente, a exemplo das mulheres do campo, simboliza a "resistência".
E emendou: "A resistência de quem não se dobra a vozes autoritárias de ontem e de hoje, que visam enfraquecer a democracia". Ao todo, dez ministros compareceram ao evento de encerramento da marcha, que contou com a presença do ex-presidente Lula em sua abertura, nesta terça.
Dilma ainda foi enfática ao dizer que não permitirá que haja retrocessos. "Juntas, nós margaridas, que geramos a vida e a defendemos, não permitiremos, repito, que ocorra qualquer retrocesso nas conquistas sociais e democráticas do nosso país."
REIVINDICAÇÕES
Dilma ressaltou que seu governo mantém diálogo constante com as margaridas e que sempre estará aberta a ouvir as reivindicações das mulheres. Na manhã de hoje, cerca de 30 mil pessoas marcharam na Esplanada para defender temas como ampliação da água potável na Amazônia e combate à informalidade em grandes propriedades.
Na cerimônia de encerramento, na tarde de hoje, Dilma anunciou medidas para o público, como criação de patrulhas rurais Maria da Penha. "Faremos parcerias com as forças policiais que atuam em nível local para que a mulher vítima de violência seja assistida de maneira correta e haja de fato prevenção da violência e de feminicídios", disse.
A presidente ainda anunciou a capacitação de 200 parteiras tradicionais da população do campo e criação, até 2018, de 1,2 mil espaços em escolas rurais para crianças de 4 e 5 anos.
Também está prevista ainda a inclusão da saúde da mulher do campo no calendário oficial do SUS, além de entrega de 109 unidades odontológicas móveis para atender municípios de população rural.