Movimento Brasil Livre se rende ao 'sistema' e lança nomes

O grupo, que tem núcleos municipais em 173 cidades, está incentivando a filiação de suas lideranças locais em partidos
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 29/09/2015 às 8:41
O grupo, que tem núcleos municipais em 173 cidades, está incentivando a filiação de suas lideranças locais em partidos Foto: Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil


Depois de rejeitar a presença de políticos nos protestos de rua, o Movimento Brasil Livre, um dos grupos mais atuantes nas manifestações pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff, passou aos poucos a estreitar relação com parlamentares e agora decidiu entrar formalmente no sistema político-partidário. O grupo pretende lançar candidatos a prefeito e a vereador em centenas de cidades brasileiras nas eleições de 2016. A principal aposta do grupo é o estudante Fernando Holiday, de 18 anos, que concorrerá a uma vaga na Câmara de São Paulo, provavelmente pelo DEM. 

O grupo, que tem núcleos municipais em 173 cidades, está incentivando a filiação de suas lideranças locais em partidos - e já criou um manual para a criação de novas filiais. A estimativa dos coordenadores nacionais do movimento é lançar de cinco a dez candidatos a prefeito e vice, e de 150 a 200 postulantes a vereadores. 

As conversas mais adiantadas são com ao menos quatro legendas: PSDB, DEM, PPS e PSC. O Partido Novo entrou no rol depois de conseguir registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas o diálogo está apenas no início, afirma o empresário Renan Santos, um dos coordenadores nacionais do MBL. "Estamos abertos a dialogar com qualquer legenda. As exceções são os de extrema esquerda, como PSTU, PSOL, PC do B e PCB", disse. 

Em São Paulo, além de lançar Holiday para a Câmara, o grupo tenta viabilizar uma candidatura a prefeito, que correria por fora "para participar do debate". O grupo ainda busca um partido que compre essa ideia. A maior aposta do MBL para concorrer a um cargo no executivo municipal é o nome do jornalista Paulo Eduardo Martins, que deve sair candidato a prefeito em Curitiba (PR).

A ideia de participar das eleições de 2016 é um embrião para fundamentar dois passos ainda maiores, cogitado pela coordenação do grupo para as eleições de 2018: a criação de um partido próprio e o lançamento das candidaturas dos coordenadores nacionais para cargos majoritários. Por isso, na campanha do ano que vem, o rosto mais conhecido do grupo, Kim Kataguiri, de 19 anos, vai atuar como "embaixador" do MBL. "A ideia é que eu viaje pelo País aparecendo ao lado dos candidatos e grave vídeos de apoio." 

Para reforçar a marca do grupo, nas conversas com os dirigentes partidários os coordenadores do movimento têm colocado na mesa ao menos uma condição: ainda que filiados formalmente aos partidos, os membros do grupo serão apresentados como candidatos do MBL. Isso inclui a sigla do grupo ao lado do nome do candidato em toda a programação visual da campanha, que ficaria sob a responsabilidade do núcleo central do movimento. 

'Boa rebeldia'

Presidente do DEM no Rio Grande do Sul, o deputado federal Onyx Lorenzoni é dos mais entusiasmados com a ideia do ingresso de líderes das manifestações de rua na política formal. Ele não vê problema em os candidatos serem apresentados como membros do grupo. "Eles dialogam melhor e têm mais legitimidade com as ruas do que nós. São representantes da boa rebeldia."

O deputado Carlos Sampaio líder do PSDB na Câmara, disse ver "com bons olhos" eventuais candidaturas de militantes do MBL, mas ressalvou que a conversa foi em via de mão dupla. "Eles se mostraram interessados também em apoiar candidaturas de pessoas sérias indicadas pelo partido", disse. 

TAGS
Dilma Rousseff impeachment eleições 2016
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory