Em reunião realizada na noite desta terça-feira (5), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou a presidente Dilma Rousseff a aproveitar este mês de recesso do Legislativo para "vender o peixe" do governo, divulgar medidas de estímulo à economia e recuperar o protagonismo político. Para Lula, o impeachment "está morto, mas não enterrado" e Dilma deve convencer a população de que precisa de um voto de confiança por ter o que entregar.
Lula desembarcou em Brasília, sem alarde, e jantou com Dilma, ao lado do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, do presidente do PT, Rui Falcão, e do assessor especial Giles Azevedo, no Palácio da Alvorada. A conversa girou sobre como construir um discurso para o governo e o PT sobreviverem, sob fogo cruzado, neste ano de eleições municipais.
O ex-presidente reiterou que é preciso agir rápido para reverter o clima de pessimismo. Preocupado com a queda de popularidade de Dilma, Lula disse que ela precisa viajar mais e visitar locais onde o PT sempre teve boa votação, mas vem perdendo cada vez mais votos. A ideia é que Dilma sempre dê entrevistas nestas cidades, principalmente a rádios do interior, que divulgam a mensagem do governo.
Moradias
Ficou acertado que a presidente fará uma espécie de "road show" para entregar moradias do plano habitacional Minha Casa Minha Vida. Além disso, retomará visitas às obras de transposição do Rio São Francisco. Dilma também pretende inaugurar, ainda neste mês, uma estação de bombeamento de água no Eixo Norte do projeto, em Pernambuco.
Base
Lula aconselhou a sucessora a chamar deputados e senadores para conversas logo que eles retornarem a Brasília. Embora as férias do Congresso terminem em 1.º de fevereiro, muitos parlamentares estarão na capital federal antes desta data. Na avaliação do ex-presidente, é preciso recompor o mais rápido possível a base de sustentação do governo no Congresso para "sepultar" o impeachment.
A cúpula do PT defende uma guinada à esquerda nos rumos da economia, mas Dilma acredita que será possível fazer inflexões, sem nenhum "cavalo de pau". Mesmo assim, Lula e Falcão cobraram o anúncio de "medidas concretas" para injetar ânimo na população O plano já é tratado no Planalto como uma espécie de "novo PAC" e uma das prioridades é estimular a construção civil. O setor foi o que mais cortou postos de trabalho em 2015, com cerca de 500 mil demissões.