O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá assumir o cargo de assessor especial da Presidência da República caso o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha suspensa sua nomeação como ministro-chefe da Casa Civil, afirmou nesta quarta-feira (23) o ministro Jaques Wagner, chefe do Gabinete Pessoal da presidente Dilma Rousseff.
"Se não desobstruir no Supremo a nomeação dele, pessoalmente sou favorável a convocá-lo como assessor especial da Presidência. O que é importante é que ele tenha um grau de institucionalidade para estar em Brasília não como um cidadão, mas como parte de um projeto político e do governo, para conversar com parlamentares e senadores", disse, em entrevista a correspondentes de veículos estrangeiros no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.
Wagner defendeu o convite feito a Lula para integrar o governo, afirmando que foi correto "convocar o melhor jogador" do PT para a maior disputa política já enfrentada pelo partido em 13 anos de governo. Segundo ele, o convite para a Casa Civil foi simbólico por ser o posto mais referenciado do governo depois da presidência. Wagner espera que até o início da próxima semana Lula esteja trabalhando como membro do governo.
O chefe do Gabinete da presidente voltou a criticar o processo de impeachment, reafirmando que se trata de um golpe articulado pela oposição e uma ameaça à democracia. Para Wagner, o que se busca é instituir a lógica de que um governo impopular pode ser objeto de impedimento.
"Definitivamente não há nenhum crime de responsabilidade. E apesar de ser forte a palavra golpe é porque efetivamente é um golpe. Não precisa ser militar, pode ser até sutil como eles estão tentando fazer agora. É golpe porque é mau uso do dispositivo constitucional", afirmou.