Votação do impeachment na Câmara repercute em países da América do Sul

Para o jornal argentino Página 12, o Brasil viveu um virtual golpe institucional, presidido pelo político mais denunciado por corrupção
Da ABr
Publicado em 18/04/2016 às 8:45
Para o jornal argentino Página 12, o Brasil viveu um virtual golpe institucional, presidido pelo político mais denunciado por corrupção Foto: Foto: Antonio Augusto/ Câmara dos Deputados


A votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados teve ampla repercussão em países sul-americanos.

A imprensa argentina considera provável a destituição da presidenta e incerto o futuro do Brasil, marcado pela divisão política, uma recessão histórica e nas mãos de uma oposição cujos principais membros também são questionados por corrupção.

“Rotundo voto contra Dilma aproxima [a presidente] da destituição”, diz o jornal Clarin, ao destacar que o processo de impeachment pode ainda durar seis meses e que a votação na Câmara dos Deputados, nesse domingo (17), foi marcada pela “divisão e pelo clima crispado [tenso], dentro e fora do Parlamento”.

Para o jornal Página 12, o Brasil viveu um virtual golpe institucional, presidido pelo político mais denunciado por corrupção [o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha]. Na matéria, intitulada Um golpe visto vivo e direto, o jornal diz que a decisão de julgar Dilma Rousseff ficou nas mãos de um parlamentar que é “réu no Supremo Tribunal Federal”, que até o processo terminar o governo estará imobilizado e que o vice-presidente, Michel Temer, “sem legitimidade alguma”, terá que enfrentar “a anunciada oposição duríssima dos movimentos sociais, dos principais grupos sindicais e de todos os que não se resignam ao golpe institucional”.

La Nacion, também da Argentina, diz que “Dilma Rousseff ficou à beira do julgamento político”.  Segundo o jornal, a crise no Brasil está longe de acabar e o país se encontra com “uma presidenta na porta da saída de emergência, um Congresso que festeja com euforia o trauma político que divide o país, um oficialismo que define como golpe um procedimento previsto pela Constituição e um eventual novo mandatário também suspeito de corrupção”. Em resumo, o país vive três crises de uma só vez: econômica, política e moral.

A imprensa chilena também destacou a divisão no Brasil. “Luz verde ao julgamento politico contra Dilma e o Brasil se parte em dois”, anunciou o jornal La Tercera. Segundo o El Mercurio, ao votarem a favor do impeachment, os deputados federais brasileiros “deixaram à beira do precipício a experiência mais emblemática do ciclo de governos de esquerda da América Latina”.

Os jornais ABC Color, do Paraguai, e El Pais, do Uruguai, também noticiaram na primeira página a derrota de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e a continuação do processo de impeachment no Senado. 

O terremoto no Equador foi o principal destaque no canal de televisão Telesur. O impeachment ficou em segundo lugar, com o anúncio da derrota de Dilma na Câmara dos Deputados e as incógnitas do futuro. Se o Senado também aprovar o impeachment, diz o canal de televisão, "assumiria o poder o vice-presidente Michel Temer" que, por sua vez, também pode ser submetido a um julgamento político, "obrigando o país a antecipar as eleições presidenciais".

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