Apesar de a ordem ser evitar comentários sobre a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha antes da chegada do presidente Michel Temer ao Brasil, o Palácio do Planalto afirmou nesta quarta-feira (19) que a preocupação do governo com uma possível delação do peemedebista "é zero". "Não há preocupação nenhuma", explicou a Secretaria de Imprensa. "O governo tem reiterado que não há nenhuma interferência na Lava Jato e que as ações são de outro poder, que é completamente independente."
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A secretaria esclareceu ainda que os rumores de que Temer teria antecipado seu retorno do Japão para poder "abafar a crise Cunha" não fariam sentido, já que a decisão teria sido tomada há alguns dias. Segundo explicou o órgão de comunicação do Planalto, a decisão foi tomada há pelo menos dois dias, quando uma equipe de pilotos da FAB foi enviada para Seattle para fazer a troca de comando da aeronave. As informações, no entanto, foram repassadas para a imprensa apenas hoje.
O Planalto disse ainda que Temer cumpriu a agenda prevista no Japão e apenas decidiu cancelar a pernoite em Tóquio e encurtar a parada em Seattle - que seria de 20 horas para 1h30 - assim como fez na ida, quando encurtou o tempo de abastecimento em Atenas. Segundo informou a assessoria, o planejamento alterado prevê algumas providências internacionais de pedido de autorização de sobrevoo, o que demonstraria que o retorno de Temer não tem relação com a prisão de Cunha.
A notícia de que Temer antecipou seu retorno coincidiu com a prisão de Cunha e gerou uma onda nas redes sociais de que o presidente já teria sido informado. Apesar disso, um interlocutor do Planalto disse que não há razões para o governo comentar "boatos de redes sociais".
Até o momento, os interlocutores de Temer dizem que o presidente ainda não teria sido informado da prisão de Cunha e que estaria dormindo na cabine do avião presidencial na companhia da esposa, Marcela Temer.
Uma das preocupações do governo é sobre o possível impacto da prisão de Cunha na agenda do Congresso. Apesar disso, interlocutores do presidente lembram que na época da cassação do peemedebista também existiu esse temor e o governo conseguiu colocar a sua agenda. "A agenda da Lava Jato é uma e não tem nada a ver com a agenda de tirar o País da crise", disse um interlocutor de Temer.
Fontes do Planalto que conversaram com o presidente em exercício, Rodrigo Maia, que é o presidente da Câmara, afirmaram que ele, ao comentar a prisão de Cunha, disse não acreditar que o episódio pode impactar nas votações. O governo tem como prioridade a votação em segundo turno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita os gastos públicos, agendada para o início da semana que vem.