O presidente Michel Temer declarou durante entrevista ao programa Roda Viva, nessa segunda-feira (14), que a prisão ou condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traria uma instabilidade para o Brasil. O peemedebista ainda críticou as notícias que não reconhecem as mudanças que o governo dele está pondo em curso.
"Se você me perguntar 'se Lula for preso isso causa um problema para o governo?' Eu acho que causa. Não para o governo, mas para o país. Porque haverá evidentemente movimentos sociais. Toda vez que você tem um movimento social de contestação, especialmente de uma decisão do Judiciário, isso pode criar uma instabilidade", disse Temer ao ser questionado sobre o tema pelo jornalista Ricardo Noblat.
Na conversa, Temer negou mais uma vez que a Operação Lava Jato possa paralisar o país, assim como as prometidas delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht.
"A primeira coisa que eu sugiro é, vamos deixar a lava jato em paz", disse, afirmando que as delações precisam ser seguidas de investigações, inquéritos, denúncias, além de um longo processo judicial.
O presidente grantiu que as mudanças que estão sendo feitas zelam pela integridade do País e criticou o que chamou de 'noticiazinhas'. "Eu até registro que muitas vezes, por mais que você faça, por mais que eu esteja descrevendo aqui a mudança que o governo está fazendo para preservar a integridade do país, da economia, das relações sociais, surge uma noticiazinha qualquer, isso cria uma instabilidade no governo. Imagina a mera hipótese de prisão do Lula. É um ex-presidente, foi presidente duas vezes, pode criar problemas não tenho dúvida disso", afirmou.
Temer voltou a se defender da acusação de ter recebido diretamente da empreiteira Andrade Gutierrez um cheque de R$ 1 milhão para sua campanha à vice-presidência, em 2014, de recursos vindos de propina da Petrobras. O presidente alega que o cheque em nome da sua campanha veio do diretório nacional do PMDB.
Michel Temer ainda afirmou que gostaria de ver incluída na reforma política uma proposta de mudança do regime brasilerio de presidencialista para parlamentarista. "Eu estou convencido hoje que o parlamentarismo é uma coisa útil para o país", defendeu. "Sou muito mais favorável a um referendo, não um plebiscito. O Congresso poderia produzir um projeto e submeter, se for o caso, a uma consulta popular".
O programa foi gravado na sexta-feira (11) e exibido pela TV Cultura na noite dessa segunda-feira (14).