No aguardo de ser contemplado com uma vaga no núcleo duro do governo, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), considerou nesta quarta-feira (11) que a candidatura à reeleição do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem se consolidado nos últimos dias. O nome de Maia também conta com o apoio "velado" da cúpula do Palácio do Planalto. A disputa pelo comando da Casa, assim como a do Senado, foram temas de conversas realizadas entre o tucano e o presidente Michel Temer em encontro no Palácio do Planalto.
"Em relação à Câmara as conversas estão em andamento. É a bancada da Câmara que irá se manifestar, mas vejo hoje ganhando consistência a candidatura do atual presidente Rodrigo Maia", disse Aécio após deixar o gabinete de Temer.
"Vejo no Senado um quadro de maior tranquilidade devendo caber ao PMDB a indicação do nome para a presidência. Cabendo ao PSDB a segunda escolha por ser a segunda maior bancada. Vamos reunir a bancada na última semana de janeiro para definir essas posições. Muito provavelmente caberá ao PSDB a condução da Comissão de Assuntos Econômicos, vital para essa agenda econômica e de reformas", ressaltou.
As conversas de Aécio com Temer ocorreram em meio a articulações do tucano para conseguir emplacar aliados em postos estratégicos do Senado e no governo. As movimentações ocorrem pouco menos de um mês de o senador conseguir estender o mandato na presidência do PSDB por mais um ano. A manutenção no comando da legenda, confirmada no último dia 15 de dezembro, contou com o aval da maioria da Executiva do partido.
No tabuleiro montado, de olho na disputa presidencial de 2018, devem ser contemplados em postos de destaque nomes de peso do partido como o atual líder do Senado, Cássio Cunha Lima (PB), o vice-presidente da legenda e senador Tasso Jereissati (CE), o ex-líder do Senado Paulo Bauer (SC).
Todos fazem parte do núcleo mais próximo do senador mineiro, que trabalha internamente para ser o nome escolhido da legenda para a próxima corrida pela Presidência da República. Também estão no páreo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro de Relações Exteriores, José Serra.
No desenho rascunhado por Aécio, Cunha Lima ocupará a vice-presidência do Senado, Paulo Bauer será conduzido para a liderança da bancada e Tasso Jereissati, para o comando da CAE. Para tirar essa estratégia do papel, segundo a reportagem apurou, as conversas entre Temer e Aécio também serviram para aparar possíveis arestas deixadas por declarações de Cássio Cunha Lima de que o atual governo não chegaria ao final.
Além dos três senadores, Aécio aguarda uma confirmação da indicação do deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo. A nomeação do deputado, que faz parte do grupo do senador mineiro, deve ocorrer apenas após a eleição para a presidência da Câmara, prevista para o próximo dia 2 de fevereiro.
Na coletiva de imprensa, Aécio disse que o deputado estava à disposição do governo. "Não foi assunto da conversa de hoje, mas essa foi uma questão tratada ainda no ano passado quando a questão avançou. Acredito que no momento oportuno, o tempo é do presidente, o deputado Imbassahy poderá estar a disposição do governo."
O senador também defendeu o avanço das reformas encaminhadas pelo governo no fim do ano passado ao Congresso e reafirmou o apoio ao presidente Temer. "Vim reiterar ao presidente esse compromisso de que o PSDB será, como tem sido até aqui, um aliado do Brasil. Apoiar o governo Temer hoje a meu ver é um ato de responsabilidade para com o Brasil. Em 2018, obviamente a partir de uma decisão da maioria da população, viveremos uma nova etapa que permita de forma definitiva sair do calabouço no qual as irresponsabilidades dos sucessivos governos do PT colocaram o Brasil", afirmou.
Na parte da reunião que contou com a presença do Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, um dos temas discutidos foi a atual crise do sistema penitenciário. Na ocasião, o tucano apresentou como sugestão a criação de Parcerias Público Privadas (PPPs). "Apresentei como um reforço ao programa que será aprovado pelos Estados na semana que vem a possibilidade de estimularmos também as Parcerias Público Privada no nosso sistema prisional, que nada tem há ver com a terceirização da gestão do sistema prisional como ocorre em Manaus. As PPPs foram extremamente exitosas em Minas Gerais. Elas partem do pressuposto que o setor privado faz o investimento e ele é remunerado a partir de condicionantes que são estabelecidos em contratos", disse.