Detentas denunciam supostas regalias a irmã de Aécio Neves

Carta escrita por cinco detentas afirma que Andrea Neves está ocupando, sozinha, um pavilhão inteiro do Piep. Secretaria nega denúncias
JC Online
Publicado em 29/05/2017 às 22:20
Carta escrita por cinco detentas afirma que Andrea Neves está ocupando, sozinha, um pavilhão inteiro do Piep. Secretaria nega denúncias Foto: Divulgação


Cinco detentas do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (Piep) denunciaram que a irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves, está recebendo regalias dentro do presídio, onde está presa desde o dia 18 de maio. Elas escreveram uma carta que foi entregue até a direção da Piep, afirmando que Andrea está ocupando, sozinha, um pavilhão inteiro da instituição que estava destinado para detentas com ensino superior. O jornal "O Tempo" teve acesso ao conteúdo da carta.

A carta teria sido assinada pelas presidiárias no dia 22 de maio. Elas ocupavam uma cela no Pavilhão X-5 do complexo, mas que teriam sido remanejadas para as celas da triagem. Estas celas são apelidadas de "castigo", por conta das péssimas condições do local. "As detentas foram todas removidas para que a ilustre presa não seja incomodada", declarou Paula Marzano, advogada de duas das encarceradas autoras da carta, para o "O Tempo".

Uma das clientes de Marzano foi responsável por redigir a carta. Ela possui formação em direito e, ao longo de sua escrita, utilizou diversos trechos do Código Penal para questionar sobre a situação vivenciada pelas detentas. Elas destacaram que suas selas atuais não possuem ventilação, e existe "dificuldade de saber se é dia ou noite, visto a ausência de janelas”.

No antigo pavilhão, as detentas tinham direito a duas horas de banho de sol no pátio, atividades desportivas e celas em melhores condições. Agora, elas tem direito apenas a uma hora de banho de sol, mas em um lugar sujo e muito pequeno. Elas afirmam também que Andrea teria descumprido regras básicas impostas às demais detentas, como não passar pela triagem, visita de advogados fora dos horários não autorizados e a dispensa do uso de algemas durante procedimentos internos. Outra afirmação presente na carta é Andrea recebeu o atendimento de um médico particular, o que segundo a advogada não é permitido.

Secretaria refuta denúncias feitas pelas detentas

Em nota enviada ao "O Tempo", a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) refutou as declarações presentes na carta. De acordo com a secretaria, as informações presentes sobre o mau estado de conservação das celas de triagem, pois elas sfreram recentemente uma reforma, são claras e arejadas e também possuem televisão.

A Seap afirmou ainda que Andrea Neves não possui tratamento diferenciado, mas confirmou a presença de um médico individual para atender a irmã do senador afastado e que tal tipo de visita é permitido. A nota afirma ainda que o uso de algemas é obrigatório em todos os procedimentos externos à cela, com exceção do banho de sol e das atividades laborais. Ela confirmou também que a Andrea dispõe de uma televisão na cela (de plasma), mas que não é fornecida pelo Estado. De acordo com a advogada Paula Marzano, nenhuma das outras detentas possui esse tipo de benefício.

Defesa diz que tratamento dado a Andrea "está dentro do normal"

O advogado de Andrea Neves, Marcelo Leonardo, também negou as declarações presentes na carta. Ele afirmou que o tratamento que sua cliente vem recebendo está dentro do normal. "Não é verdade. Sofrendo como está, como é possível isso? O tratamento dado a ela é normal", declarou o advogado.

Leonardo confirmou que Andrea está afastada das demais, mas que isso foi uma determinação do sistema prisional. "Não há nenhuma intervenção da defesa nesse sentido. A decisão foi do sistema prisional, para garantir segurança", afirmou.

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