Temer apela a Alckmin para impedir cisão do PSDB-SP

O Palácio do Planalto teme que um gesto oficial do diretório paulista do PSDB pelo rompimento repercuta em outros Estados
JC Online
Publicado em 03/06/2017 às 8:21
O Palácio do Planalto teme que um gesto oficial do diretório paulista do PSDB pelo rompimento repercuta em outros Estados Foto: Foto: Beto Barata/PR


Em um esforço para evitar o desembarque do PSDB do governo, o presidente Michel Temer viajou na sexta-feira (2) a São Paulo para pedir pessoalmente ao governador Geraldo Alckmin que contenha o movimento dos tucanos paulistas que defendem entrega dos cargos da sigla na administração federal.

O Palácio do Planalto teme que um gesto oficial do diretório paulista do PSDB pelo rompimento repercuta em outros Estados e amplie a pressão sobre a cúpula.

O presidente do PSDB-SP, deputado estadual Pedro Tobias, convocou prefeitos, deputados e dirigentes do partido para uma reunião ampliada da Executiva na segunda-feira que deve deliberar sobre o tema. Ao Estado, Tobias disse que defende o rompimento do PSDB com Temer.

Diretórios

Os diretórios da legenda no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já fecharam questão pelo desembarque do partido. Em sintonia com o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, Alckmin havia tomado a iniciativa de tentar conter a rebelião de sua base.

Em um jantar na quinta-feira na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, o governador reuniu os prefeitos de Santos, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Jundiaí e Piracicaba, além do presidente da Assembleia Legislativa, Cauê Macris, e do secretário de Governo, Samuel Moreira. O prefeito de Santo André, Paulo Serra, não foi porque estava viajando.

Segundo relato de um dos participantes, Alckmin pediu ajuda para impedir que o diretório tire uma resolução formal anti-Temer. O chefe do Executivo paulista teria dito que defende a permanência do peemedebista no poder até 2018, e acredita nela. A avaliação é que uma eleição indireta "desorganizaria" a eleição presidencial do ano que vem.

Com o senador afastado Aécio Neves (MG) abatido por denúncias, licenciado do comando do partido e considerado fora da disputa presidencial, Alckmin despontou como nome natural da legenda.

Por fim, o governador teria dito que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), seria o nome mais forte em uma eventual disputa indireta.

Outro participante do jantar, porém, diz que em nenhum momento Alckmin pediu de forma direta por uma intervenção no diretório, e que ele mais ouviu do que falou.

A bancada do partido na Câmara esta dividida, mas o movimento pelo desembarque do PSDB vem ganhando força. Segundo o deputado Ricardo Tripoli, líder do PSDB na Casa, o martelo será batido na semana que vem. "Não dá para ficar no meio termo. A opinião publica quer um desfecho".

Enquanto as bases tucanas pressionam, a cúpula do partido age para conter os ânimos e segue defendendo Temer. Nesse cenário, as reiteradas declarações de lealdade ao governo Temer do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, irritaram a bancada.

Tripoli evita manifestar sua posição pessoal, mas reconhece que a bancada está dividida. Segundo parlamentar, a maioria dos tucanos paulistas quer que o partido entregue os cargos que tem na administração federal. "Sou cauteloso, mas até o final da semana que vem vamos ter o desfecho na bancada. Estão chamando os defensores do rompimento com o governo na bancada de ‘cabeças pretas’, mas o líder do grupo, deputado João Gualberto, tem 60 anos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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