“A única certeza que temos é de que, quem não investir em inovação vai estar pior na próxima crise se ainda estiver aqui”. A afirmação é do diretor da Endeavor no Brasil, Juliano Seabra, que esteve esta semana no Recife para conversar com empreendedores locais. Na análise do executivo da instituição global – cujo objetivo é incentivar ambientes de negócios –, a capital pernambucana está caminhando no mesmo ritmo do País em direção à retomada do crescimento, mas conta com um diferencial positivo: o ambiente de inovação.
A Endeavor está preparando sua edição deste ano do Índice das Cidades Empreendedoras, que leva em consideração fatores como ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Na edição do ano passado do índice, o Recife foi a cidade nordestina mais bem colocada no ranking, em 18º lugar, quatro posições atrás do seu desempenho anterior. O fechamento de 26 mil vagas no ensino técnico naquele ano e problemas de trânsito foram responsáveis pelo rebaixamento. Entre os destaques positivos estiveram o acesso a financiamento e mão de obra, ambos em 12ª posição na categoria.
Hoje, Seabra exalta como os frutos colhidos em decorrência dos investimentos no Porto Digital estão sendo importantes para o ambiente empreendedor da cidade em um momento difícil. “Crise sempre vai haver, é natural do ciclo econômico. Por isso é importante o investimento em inovação, que não pode ser da noite para o dia. Isso não acontece com uma canetada. É investimento sistemático de empresas, pessoas e governo”, destaca o diretor.
Ele destaca que o Recife tem bons exemplos de iniciativas inovadoras e disruptivas e que, consequentemente, estão atravessando e se fortalecendo no período de instabilidade econômica. Todas elas, direta ou indiretamente, fruto do ambiente de Tecnologia da Informação (TI) criado a partir do Porto Digital.
“Percebemos agora que cidades que não trabalharam nesse sentido lá trás estão sofrendo muito agora porque os setores que mais sofrem são os mais tradicionais. Salvador e Rio de Janeiro, por exemplo, ficaram para trás”, comenta. No sentido oposto, ele destaca Florianópolis e São Paulo que lideram, respectivamente, o ranking do ano passado. Ambas contaram com projetos anteriores ao do Recife.