Mesmo com a retirada de pontos polêmicos da reforma da previdência, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), aposentadoria rural, capitalização e desconstitucionalização, deputados estaduais afirmam que a proposta está longe de ser considerada a ideal. Durante o ato em protesto contra a reforma, realizado nesta sexta-feira (14), na Avenida Conde da Boa Vista, o líder do governo na Assembleia Legislativa (Alepe), Isaltino Nascimento (PSB) criticou a exclusão de estados e municípios do texto apresentado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP).
"Apesar do que saiu da proposta da reforma, ela ainda é muito ruim. Porque ela acaba com a possibilidade de ter aposentadoria integral, em que você poderia ter 80% da sua média salarial para se aposentar. Outro ponto é a pensão por morte, em que só terão direito até o limite de R$ 1.200. O tempo de serviço também irá prejudicar os trabalhadores, que são 40 anos ininterruptos”, apontou o parlamentar. Isaltino afirma que a Câmara Federal quer “terceirizar a responsabilidade para os estados e municípios”. Em Pernambuco, 146 das cidades tem previdência própria. No Brasil vamos ter além dos 27 estados, mais de dois mil municípios com modelos diferentes de reforma, quando ela deveria está sendo tratada pela Câmara”, criticou.
O governador Paulo Câmara, ainda não se posicionou sobre o parecer apresentado nesta quinta-feira (13), na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. De acordo com o líder do governo, o PSB deverá se reunir nos próximos dias para tratar do assunto. “Deverá ocorrer uma reunião do Diretório Nacional nos próximos dias, mas já tínhamos fechado um posicionamento há 40 dias, de votar contra essa reforma. O governador (Paulo Câmara) tem questionamentos sobre essa questão da reforma. Enquanto partido, vamos aguardar, mas na minha opinião, não deve ter mudança”, explicou.
De acordo com os organizadores do ato contra a Reforma, a estimativa é que 50 mil pessoas estejam participando do protesto, que encabeça outros temas como os cortes na Educação, posse de armas e outras medidas tomada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Temos que destacar nosso lugar contra a reforma e contra a retirada de direitos. É muito importante destacar que também lutamos contra os cortes da educação, o aumento de armas para a população e outros diversos fatores que excluem nossos direitos. Estamos na luta contra essa onda conservadora”, declarou a representante da Juntas (PSOL), Robeyonce Lima.
A deputada estadual Teresa Leitão (PT), que também está presente na manifestação que marca a greve geral, diz acreditar que só com a mobilização de toda sociedade é que poderá haver mudanças que não prejudiquem os trabalhadores mais pobres. “Só com muita mobilização e muita articulação política é que os trabalhadores vão conseguir barrar essa reforma. Esse é um movimento importantíssimo. O que foi apresentado pelo relator não supre nossas necessidades, não retira o eixo estruturante da reforma e os prejuízos que são causados na negação de direitos já consolidados”, crava. A petista relembra os atos anteriores dos dias 15 de maio e 30 de maio, convocados por estudantes, professores e profissionais da educação. “Essa é uma atividade fundamental para o enfrentamento sobretudo em um momento que vem se mostrando uma farsa na Lava-Jato, com denúncias que precisam firmemente serem investigadas.
Durante um café da manhã com jornalistas hoje, o presidente Jair Bolsonaro foi perguntado sobre a greve. O presidente disse ver o movimento como algo natural. "[Vejo] com muita naturalidade. Quando resolvi me candidatar, sabia que ia passar por isso", disse.
Sobre reforma da Previdência, alvo das paralisações de hoje, Bolsonaro voltou a defender a importância das mudanças nas regras da aposentadoria, sem as quais os empresários não terão "segurança para investir".