Ações do governo federal nas áreas de saúde, educação e segurança foram temas de publicações que tiveram milhares de compartilhamentos nas redes sociais nos últimos dias.
As informações foram verificadas pelo Comprova, projeto que reúne 24 veículos de imprensa do país, entre eles o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC).
Os jornalistas também checaram uma postagem que dizia que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) é o “quarto governante mais popular do mundo”, o que é falso, pois não é possível determinar popularidade apenas pelo alcance em redes sociais.
Veja os resultados das verificações do Comprova:
Tem evidências comprovadas o conteúdo de um tuíte que defende o Sistema Único de Saúde (SUS) e afirma que é o único sistema público que “atende a uma população com mais de 200 milhões de pessoas” e que “fornece remédios de graça”.
A publicação também compara o SUS ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), modelo de 1948 que inspirou a sua criação, 40 anos depois.
O sistema britânico é universal e oferece remédios gratuitos para uma lista de doenças e para alguns grupos, como idosos, mas para os demais é cobrada uma taxa. Além disso, a população do Reino Unido é de 66 milhões de pessoas.
O Comprova analisou os sistemas de saúde dos países com mais de 200 milhões de habitantes: China, Índia, EUA, Indonésia, Paquistão e Nigéria.
É verdade que nenhum deles possui um sistema público e universal, como o SUS. Em todos há programas baseados em seguros que têm cobertura básica para os mais pobres.
Na área do Projeto Comprova no Blog de Jamildo, você pode ver os detalhes sobre o SUS e esses sistemas de saúde.
É falsa a informação que circula nas redes sociais de que o governo Jair Bolsonaro (PSL) liberou R$ 8 bilhões para a Educação no início deste mês. O texto confunde valores desbloqueados em despesas para todos os ministérios e superestima em 300% a parcela de fato destinada ao Ministério da Educação.
O conteúdo verificado pelo Comprova foi publicado em perfis no Twitter e no Facebook que acusam críticos do governo de “silenciar” sobre a liberação, que é falsa.
Na realidade, o que ocorreu foi o desbloqueio, segundo um decreto de 26 de setembro, de cerca de R$ 12,46 bilhões sobre todo o Orçamento da União para 2019. Desse total, R$ 8,3 bilhões foram para todas as pastas do Executivo, com apenas R$ 1,9 bilhão ao MEC.
Como a pasta já somava R$ 6,1 bilhões em congelamentos feitos em março e em julho, o R$ 1,9 bilhão liberado não representou “bônus”, mas apenas um “alívio” diante da situação anterior do MEC, que ainda opera R$ 4,19 bilhões abaixo do previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019 para despesas como investimentos.
É enganosa publicação que exalta o governo Bolsonaro por reduzir a criminalidade no Brasil, bater recorde na apreensão de drogas e deflagrar o maior número de operações da Lava Jato até então. O texto tira dados de contexto e credita ao presidente efeitos de gestões anteriores.
A taxa de mortes violentas intencionais já havia caído 10,8% em 2018, na gestão de Michel Temer (MDB), de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Quanto às drogas, os dados vão até 31 de agosto e indicam que há recorde na apreensão de haxixe. A apreensão de maconha está em menos da metade do recorde de 2017.
Em 2019, não foram deflagradas mais operações da Lava Jato do que antes.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chegou a repercutir o tuíte com os dados imprecisos com o comentário: “seguimos”. A publicação é do site Crítica Nacional.
É falsa a afirmação de que Bolsonaro é o “quarto governante mais popular do mundo”, como diz um texto que recebeu mais de 150 mil interações no Facebook. O conteúdo usa números de seguidores em redes sociais para atestar a popularidade de Bolsonaro. A metodologia é questionada por profissionais de marketing político e de pesquisas de opinião pública ouvidos pelo Comprova.
Segundo os especialistas, não é possível avaliar a popularidade de Bolsonaro usando números de seguidores, já que nem todos os brasileiros têm conta em redes sociais ou mesmo acesso à internet. Eles defendem os métodos usados pelos institutos de pesquisa, que buscam uma amostra de pessoas que seja representativa da população em idade eleitoral, partindo de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por exemplo.
Além disso, um levantamento da quantidade de seguidores de Bolsonaro feito pelo Comprova chegou a resultados diferentes dos mencionados no texto que viralizou.
Todas as verificações do Comprova são publicadas no Blog de Jamildo. O projeto verifica conteúdos duvidosos sobre políticas públicas do governo federal que tenham grande potencial de viralização.
Nas checagens que estão na página www.blogdejamildo.com.br/comprova, você pode refazer o caminho das apurações, usando os links para consultar as fontes originais ou visualizar a documentação que reunimos. Na Rádio Jornal, as investigações do Comprova são comentadas no programa Balanço das Notícias.