O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ver "exagero" na investiga suspeitas de "rachadinha" envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. O Ministério Público do Rio de Janeiro fez nesta quarta-feira (18), pela primeira vez, uma operação ostensiva para procurar provas sobre eventuais crimes de lavagem de dinheiro e peculato neste caso.
"Se dá muita publicidade a isso, está no início da investigação. Está se criminalizando a pessoa (Flávio) sem dar o direito a defesa. Algumas coisas muito exageradas", afirmou Maia nesta quinta-feira (19), durante café da manhã com jornalistas na residência oficial da presidência da Câmara. Ele disse não ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto.
Para Maia, a investigação sobre o filho do presidente não deve ser usada por parlamentares para atingir o governo. "Se for intenção de parte do Parlamento de enfraquecer o governo vai ser nas matérias que serão votadas, com derrotas ou derrubando vetos, mas entrar nessa seara da família do presidente para desgastar o governo, acho que não tem espaço na Câmara nem no Senado", disse o presidente da Câmara.
Maia ainda elogiou o filho "01" de Bolsonaro, dizendo ser o "mais tranquilo" dos filhos políticos do presidente. "O Flávio tem muito respeito no Parlamento. Dos três irmãos, é o mais tranquilo, sempre teve um bom diálogo", comparou Maia, em referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC).
Conhecido como "Caso Queiroz", as investigações ficaram paradas de julho até novembro aguardando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade do compartilhamento de informações sigilosas por órgãos como a Unidade de Inteligência Financeira (UIF, antigo Coaf) e a Receita Federal com o Ministério Público e órgãos policiais sem autorização judicial. O STF aprovou no mês passado a tese para o compartilhamento.
Na manhã dessa quarta, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) cumpriu vários mandados de busca e apreensão em endereços de ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) no Estado. As ordens judiciais foram expedidas no âmbito da investigação sobre lavagem de dinheiro e peculato no gabinete de Flávio quando ele ainda era deputado estadual do Rio.
Entre os alvos das medidas cautelares expedidas pela justiça fluminense estão Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança de Flávio, seus familiares e ainda parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).