Igor Maciel, da coluna Pinga Fogo*
Alguém precisa convencer Bolsonaro a candidatar-se no Recife e largar Brasília. O salário é menor, mas o rio e a rua da Aurora ao longe compensam. Além de tudo, quebraria um galho pro PSB local. O Presidente da República, seguindo sua receita de “menos Brasília e mais Brasil”, iria largar tudo e viria trabalhar na Avenida Cais do Apolo, 925. Ficaria impactado com a vista do décimo segundo andar, no prédio às margens de um rio que ele não lembra se é Capibaribe, Beberibe, ou os dois, porque explicaram e ele não entendeu direito. Essa maluquice que você, pacientemente, leu até agora é uma das duas únicas explicações para a fixação que o PSB assumiu pelo atual chefe do Executivo no Brasil.
A outra explicação, bom, é mais provável, embora menos poética. Nesse caso, o PSB estaria com dificuldades para se destacar como algo novo após tantos anos no poder. Percebe que terá dificuldade para romper um baixo nível de aprovação popular registrado em pesquisas recentes e, o pior, sabe que não será fácil explicar que enxugou mais gelo do que realmente transformou a vida das pessoas em Pernambuco. É verdade que o saldo não é algo mais positivo principalmente por causa da crise que o País vive. Mas também é verdade que a culpa não foi de Bolsonaro. Foi de Lula e Dilma que, através de decisões voltadas para o curto prazo eleitoral e não para o longo prazo dos legados, quebraram o Brasil.
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Mas, o PSB era aliado deles. Então, facilitemos as coisas. Que tal colocar a culpa em quem tentou ou está tentando resolver, já que eles assumiram a batata enfumaçada. O que Michel Temer e Jair Bolsonaro têm em comum? Ganha um doce quem respondeu que eles não tiveram o apoio nacional do PSB. Se a culpa é minha, eu coloco ela em quem eu quiser, diria um cínico convicto.
Apenas essas duas hipóteses, a poética e a outra, explicam a cena de inauguração de um equipamento importante como o Compaz ter se transformado em um palanque socialista de ataques a Bolsonaro. O “lançamento” da campanha de João Campos (PSB), que foi reverenciado por quase todos os oradores, praticamente teve, na boca de todos, o contraponto ideal no atual presidente. João era o melhor para o futuro, "porque Bolsonaro”. Em entrevista recente à Rádio Jornal, Geraldo Júlio (PSB) resolveu que a crise, em vigor efetivo desde 2015 e gestada antes pela política econômica do segundo mandato de Lula, começou só em 2017 (de Temer pra cá).
Quem estava desempregado antes por causa da crise, na verdade, deve ter sido resultado do acaso.
*Igor Maciel é titular da coluna Pinga Fogo, no Jornal do Commercio