Cotados para a candidatura do PSDB à Presidência da República em 2022, os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, trocaram elogios nesta segunda-feira, 13, após especulações de que os dois estariam em uma disputa interna por apoio no partido.
Doria e Leite participaram pela manhã, na capital paulista, da Couromoda, feira da indústria calçadista, setor no qual os dois Estados têm atuação relevante. Ambos fizeram discursos na cerimônia de abertura do evento e não perderam a oportunidade de fazer elogios um ao outro.
Primeiro a falar, Leite foi mais tímido nas menções ao colega tucano. Em um pronunciamento de 10 minutos, o governador gaúcho citou Doria em duas oportunidades. A primeira foi logo no início da fala, quando disse que era uma alegria reencontrar Doria e que sempre é muito bem recebido em São Paulo.
Na segunda, enquanto falava sobre os esforços dos Estados para diminuir a carga tributária das empresas, disse que, "assim como Doria toma providências em São Paulo, para que se retome a competitividade, também tomamos providências".
Leite também afirmou que o Estado de São Paulo é um exemplo para o Rio Grande do Sul em relação a concessões de rodovias. "Eu vi o exemplo de São Paulo, com a maior concessão de rodovias da história. O Rio Grande do Sul também fará com mais de mil quilômetros de rodovias, para melhorar a infraestrutura do Estado", disse.
Além disso, o governador gaúcho buscou nacionalizar o seu discurso em alguns momentos, ao enfatizar que é preciso facilitar a vida das empresas para que gerem empregos. "O País sofreu com uma recessão histórica de 8%. Cabe a nós trabalhar fortemente para restabelecer condições para que se gerem empregos", disse.
Doria, por sua vez, foi mais enfático nas menções a Leite e buscou ressaltar que os dois pensam e agem de forma parecida. Em uma fala de 20 minutos, citou o colega gaúcho em três oportunidades.
Na primeira, disse que Leite era jovem, inovador e transformador Afirmou que os dois "conjugam" das mesmas ideias, são defensores de uma economia liberal e chegou a chamar aplausos da plateia para Leite, quando elogiou a política de redução do ICMS no Rio Grande do Sul. "Quero saudar meu amigo e colega governador Eduardo pela postura, dedicação e coragem, podem aplaudir", disse.
Na segunda menção, declarou que ele e Leite têm o princípio de que nada pode se fazer de um lado só, ao defender que o estímulo aos negócios não pode ter sacrifícios apenas do poder público, mas também das próprias empresas. "Acabou o tempo do governo paternalista e nós dois compartilhamos dessa visão".
Na terceira e última, lembrou que Leite enfatizou uma visão liberal na economia em seu discurso e voltou a afirmar que os dois têm as mesmas ideias. Disse também que São Paulo gerou a maior parte dos empregos no Brasil em 2019 e que o Rio Grande do Sul também contribuiu com uma parcela considerável.
Após os discursos, Doria e Leite se posicionaram lado a lado para responder às perguntas da imprensa. Em uma delas, sobre como tem sido apoio do governo federal aos Estados, ambos citaram o ministro da Economia, Paulo Guedes, e elogiaram a política econômica de ajuste fiscal e cunho liberal conduzida por ele.
No entanto, sem mencionar em nenhum momento o presidente Jair Bolsonaro, criticaram o plano do presidente de que os Estados cortem ICMS sobre combustíveis e lamentaram o aumento do piso dos salários para o magistério, pois força Estados em crise fiscal a dar o reajuste.