Preterido de disputas majoritárias desde quando desembarcou na Frente Popular na era do ex-governador Eduardo Campos, o candidato ao Senado Fernando Bezerra Coelho (PSB) chega ao 5 de outubro com reais chances de vitória. O ex-ministro da Integração Nacional gostaria mesmo de estar no lugar de Paulo Câmara, o escolhido para suceder o líder socialista no Palácio do Campo das Princesas. Mas foi o “prêmio de consolação” ofertado por Eduardo, em fevereiro deste ano, que o colocou, pela primeira vez, numa situação confortável no Dia D, mesmo enfrentando o peso eleitoral que o ex-prefeito e candidato ao Senado, João Paulo (PT), exerce no Recife.
Ao lado de Eduardo Campos, Fernando alimentou esperança de ser candidato majoritário por pelo menos três vezes. Em 2010, quando se articulou para ocupar uma das vagas ao Senado que receberia a “bênção” do ex-governador, embalado por uma altíssima aprovação. Ironicamente, o posto foi dado ao agora adversário na disputa estadual, Armando Monteiro (PTB). Em 2012, chegou a mudar o título eleitoral de Petrolina, seu reduto, para o Recife na intenção de ser o candidato a prefeito. Como se sabe, quem estreou nas urnas foi o ex-secretário Geraldo Julio (PSB), que encerrou com o ciclo de 12 anos do PT à frente da Prefeitura do Recife. Neste ano, até os últimos minutos ainda esperava o aceno positivo de Eduardo ao seu desejo de ser o “escolhido”. Dezesseis anos atrás, quando caminhou ao lado do ex-governador Miguel Arraes, como o candidato à vice na chapa da Frente Popular, disputava a sua primeira eleição majoritária estadual. A chapa completa, que ainda tinha Humberto Costa (PT) como candidato ao Senado, perdeu no primeiro turno para Jarbas Vasconcelos, que elegeu-se governador pela coligação União por Pernambuco.
Ao agarrar o missão delegada por Eduardo Campos quando da escolha de um completo desconhecido para encabeçar a chapa da Frente Popular, ele sabia que teria um papel importante. Por isso, aceitou de bom grado. Prefeito por três vezes de Petrolina, Fernando tem a sola de sapato já gasta quando o assunto é articulação política. Ele conhece Pernambuco e sabe como construir uma campanha. Caso a Frente Popular faça “barba, cabelo e bigode” na eleição de hoje, para usar uma expressão do próprio, sabe que vai ter uma função muito mais profunda do que um mero defensor dos interesses de Pernambuco na tribuna do Senado. Numa possível vitória, ele, certamente, sairá maior dentro do PSB e integrará o núcleo seleto de conselheiros do novo governo de Paulo Câmara, que vai ter que aprender fazendo os caminhos do ato de liderar politicamente.
Fernando só alavancou sua candidatura após a morte do ex-governador Eduardo Campos. A tragédia do dia 13 de agosto deixou um clima de comoção e gratidão à figura do líder socialista, que fez Paulo saltar nas pesquisas de intenção de voto de forma surpreendente. A candidatura ao Senado, entretanto, não foi beneficiada na mesma proporção. Em um dado momento, com Paulo já em franco crescimento, o sinal de alerta pesou sobre sua candidatura, recebendo um esforço concentrado dos cabos eleitorais. Para tanto, o prefeito Geraldo Julio, a candidata a presidente Marina Silva (PSB), a viúva Renata Campos e até Paulo Câmara, no início da corrida eleitoral um completo desconhecido, estrelaram no seu guia eleitoral e com mais ênfase nas ruas, recomendando o voto casado.