PMDB quer retomar a liderança no Estado em 2016

Como novo presidente do PMDB estadual, Raul Henry vai conduzir o partido nas eleições municipais de 2016. Henry e o ex-governador Jarbas Vasconcelos começaram a andar pelo interior
Ayrton Maciel
Publicado em 19/07/2015 às 16:30
Como novo presidente do PMDB estadual, Raul Henry vai conduzir o partido nas eleições municipais de 2016. Henry e o ex-governador Jarbas Vasconcelos começaram a andar pelo interior Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem


O PMDB quer voltar a ser protagonista no Recife e no Estado, a partir de 2016, mas vai trabalhar com o tempo. “A conversa vai se dar no tempo certo”, revela o vice-governador Raul Henry, que assumiu, neste sábado (18), a presidência estadual da legenda. Em entrevista ao JC, o peemedebista ressalta que o ex-governador Jarbas Vasconcelos liderará o debate.

Henry afirma, também, que o Estado está preparado para superar a crise econômica do País e a sua crise financeira e destaca que as promessas de campanha estão mantidas - inclusive a de dobrar os salários dos porfessores -, mas ressalva que a população entende as dificuldades do momento.

O vice-governador defende, ainda, a apuração de todas as denúncias de desvio de recursos públicos, pela Operação Lava-Jato, que chegou a Pernambuco, porém prega o respeito ao amplo direito de defesa:

JORNAL DO COMMERCIO - O País vive uma crise econômica e política e Pernambuco enfrenta uma crise financeira, mas já está na agenda política a eleição municipal de 2016. O ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) tem sido citado como um nome para a sucessão no Recife. Da parte do PMDB existe interesse em ter candidatura própria no próximo ano?

Raul Henry - Jarbas é um nome que tem dimensão nacional, sobretude nesse momento de crise moral que o Brasil vive. Quando fala, é ouvido pela imprensa e tem repercussão nacional. Agora, o que ele tem dito sobre a eleição do Recife é que não vai desmentir o que nunca afirmou, e ele nunca afirmou que é candidato. A mais de um ano do pleito, neste momento que o País atravessa, com aumento da inflação e do desemprego, maior crise econômica dos últimos 30 anos, crise política e de confiança e uma ameaça de crise institucional, antecipar o debate sobre 2016 é uma insensibilidade e desrespeito com a população. Concordo com essa avaliação.

JC - O objetivo de todo partido é chegar ao poder. E o PMDB está há muito tempo fora do poder, no Estado. Internamente, mesmo com a situação do País e do Estado, o PMDB está se preparando para voltar a ser protagonista no Recife e em Pernambuco?

Henry - Claro. O PMDB quer crescer na eleição municipal. Estamos convindando lideranças que se identificam com o partido para disputar as eleições municipais. O PMDB tem uma história em Pernambuco muito respeitada. A população identifica nossa história e nossa identidade política, mas a composição de alianças, o lançamento dos nomes e o processo como vai se dar em cada município, só no próximo ano.

JC - Quais seriam as condições ou perda de condições que podem impulsionar o PMDB a tem uma candidatura na Capital, considerando que o partido participa do governo?

Henry - Temos uma aliança com o PSB, na Prefeitura do Recife e no governo do Estado, e nos sentimos confortável nessa aliança. O governador Paulo Câmara está focado em fazer o que é necessário para o Estado neste momento. Temos um excelente relação. Agora, o que o PMDB vai fazer, o partido decidirá no momento adequado, e nós temos uma relação de respeito à liderança do ex-governador Jarbas. Essa conversa vai se dar no tempo certo.

JC - Depois de uma mandato no Senado Federal, o ex-governador volta a andar pelo Estado. Se 2016 é um horizonte distante, 2018 é mais distante ainda. Porém, hoje, há muitas incertas. O PSB é aliado do PMDB local, mas é mais próximo do PT no nacional, embora se declare independente. Com tantas contradições, nada pode ser descartado em 2016 ou 2018?

Henry - Quem tem experiência na política e sabe o quanto ela é dinâmica, tem que trabalhar com o tempo, e ter o tempo como aliado. O atual momento é de fortalecer o PMDB.

JC - O primeiro semestre do governo Paulo Câmara (PSB) foi marcado por crise no sistema prisional, aumento nos índices de violência, greves de professores e policiais e obras paradas. Não há perspectiva de mudança do cenário em curto prazo. O governo está preparado para enfrentar mais pressões?

Henry - Absolutamente preparado. O governador Paulo Câmara tem demonstrado tranquilidade. É uma pessoa que escuta, mas é muito firme na hora das decisões. Estamos herdando as consequências de uma crise, a qual não demos causa. Crise que foi escondida da sociedade, muito lixo jogado debaixo do tapete, que só se revelou depois da eleição de 2014. Pernambuco já perdeu mais de 60 mil postos de trabalho, há uma crise em setores importantes instalados em Suape, o petroquímico e o naval, mas o governo vai enfrentá-la com todas as medidas necessárias. O Estado está numa posição melhor que a maioria dos demais Esstados no enfrentamento da crise.

JC - Mas, há informações de que o Estado gastou muito, nos últimos anos, com a máquina administrativa. Houve muitos reajustes a categorias específicas, o que estaria pesando na folha e contas do governo. Ao mesmo tempo, está sem capacidade de investimentos, há obras paradas e falta medicamentos nos hospitais. Como está hoje o caixa do governo? Depende totalmente dos repasses do governo federal?

Henry - A crise é consequência da irresponsabilidade populista com que o governo do PT administrou a economia do País. Os gastos hoje podem ser mais expressivos porque houve uma queda de receita. Se o Brasil e Pernambuco continuassem no rumo que vinham nós teríamos a ampliação da receita e então o peso dos aumentos dessas categorias não seria tão expressivo nas contas gerais do Estado. Há vários Estados com problemas para honrar a folha e compromissos, e estamos tomando todas as providências para enfrentar este momento. O governador está muito sereno, firme e seguro.

JC - Há uma promessa de campanha que virou um estigma para o governo. É o compromisso de dobrar os salários dos professores. Essa promessa está mantida no programa de governo ou vai chegar o momento em que será pedido desculpas e justificado o não cumprimento?

Henry - O governador Paulo Câmara foi secretário da Administração e da Fazenda. É pessoa responsável. Quando colocou isso no programa de governo é porque tinha absoluta segurança de que era compromisso que a gente podia honrar. Agora, ninguém esperava que o Brasil fosse viver o ano de 2015 que está vivendo. Não temos culpar pelo momento que o Brasil está vivendo. Os compromissos de campanha, todos eles permanecem. Vamos fazer tudo para honrar esses compromissos.

JC - Qual a posição do PMDB de Pernambuco em relação às investigações e acusações que envolvem o governo da presidente Dilma Rousseff?

Henry - Tivemos sempre, claramente, uma posição de oposição ao governo federal. Defendemos, em 2014, a não renovação da aliança com o PT. O PMDB de Pernambuco ainda não discutiu uma posição sobre a crise nacional. Acho que a Constituição Federal deve ser cumprida. O impeachment é uma possibilidade, mas é necessário que existam as razões constitucionais para que o impeachment aconteça.

JC - As investigações da Lava-Jato chegaram a Pernambuco, atingindo o senador Fernando Bezerra Coelho, o PSB e políticos e empresários aliados. Qual a análise que o vice-governador, do PMDB, faz dessa fase das investigações?

 

Henry - Todo processo que houver, no País, para apurar desvios de recursos públicos deve ser bem-vindo. A sociedade exige que esses processos sigam o seu curso natural, que eventuais envolvidos sejam julgados e que as consequências aconteçam. Neste momento, não dá para prejulgar ninguém. Há uma fase de inquéritos. As denúncias devem ser apuradas e ser garantida a ampla defesa. É um direito e um dever de todo homem que optou pela vida pública se defender de qualquer tipo de acusação. Nossa expectativa é que todas as pessoas denunciadas exerçam plenamente seu direito de defesa.

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