O ex-deputado federal pernambucano Pedro Corrêa optou pelo silêncio em seu interrogatório perante o juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, na tarde desta quarta-feira (26). Ex-líder do PP na Câmara, Pedro Corrêa é acusado de ter recebido R$ 40,7 milhões desviados da Petrobras pelo esquema investigado na Operação Lava Jato. Com o interrogatório, o processo contra o ex-deputado entra na fase final.
"Ele se manteve em silêncio, não falou nada. A defesa vai se manifestar só nas alegações finais", explicou ao JC o advogado Alexandre Loper, que acompanha o caso do pernambucano no Paraná. A previsão é que as alegações finais da acusação e da defesa ocorram no final de setembro, quando deve sair a sentença do juiz.
Os dois filhos de Pedro Corrêa, Aline e Fábio Neto, e a nora do ex-deputado, Márcia Danzi, também foram ouvidos nesta quarta por Sérgio Moro. O ex-deputado teria recebido dinheiro através da conta bancária de Márcia Danzi. Segundo a alegação da defesa, os recursos eram para o pagamento da venda de animais para o ex-deputado José Janene, falecido em 2010.
A defesa de Corrêa havia entrado com uma reclação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que Sérgio Moro não tinha competência para julgar o caso do ex-deputado, já que há uma investigação em andamento no próprio STF. Em maio, o ministro Teori Zavaski negou o pedido. Um agravo regimental da defesa para que a reclamação pudesse ser analisada foi rejeitada nessa terça-feira (25) pela 2ª Turma do Supremo.
"Ele está bastante delibitado, está magro, abatido. Ele tem diabetes, uma série de problemas que dificultam no frio de Curitiba", alerta o advogado. Em Curitiba, o ex-deputado tem lido vários livros e acompanhado o noticiário político.
DELAÇÃO - Às vésperas do julgamento no Paraná, o primo de Pedro Corrêa, Clovis Corrêa, disse ao JC que o ex-parlamentar teria se convencido a fazer uma delação premiada, o que poderia ajudar a sua pena. "Estou muito feliz porque ele vai adotar essa delação premiada. Agora, tem que ser plena. E ele finalmente convenceu-se de que a delação é o melhor caminho", afirmou Clóvis.
Segundo o advogado Alexandre Loper, a delação é uma hipótese que existe, mas que ainda não há nada nesse sentido e que o assunto ainda não teria sido discutido com o pernambucano. Pedro Corrêa perdeu o mandato em 2006, por envolvimento com o Mensalão. Ele foi condenado a 7 anos e 2 meses de prisão e cumpria pena em regime semi-aberto, antes de ser levado para Curitiba.