A Procuradoria da República em Pernambuco informou ontem que a expectativa do encerramento das investigações da Operação Turbulência e o ajuizamento da ação penal está previsto para ocorrer antes do fim do ano e a instituição não descarta que esse desfecho coincida com o calendário das eleições municipais, marcadas para outubro.
À frente do caso, o procurador da República Cláudio Henrique Dias afirmou que tão logo sejam coletadas provas suficientes da prática criminosa, o MPF ajuizará ação penal. "Apesar da imprevisibilidade do tempo de investigação, que depende de vários fatores, o MPF espera que a ação penal seja ajuizada ainda este ano, na maior brevidade possível", disse. Por ora, ele afirma que não vê necessidade da convocação de uma força-tarefa para atuar no caso.
Apesar da forte repercussão da Turbulência, por envolver o PSB, partido que comanda o governo estadual e a Prefeitura do Recife, o procurador afirmou que não ter recebido até o momento "pedido de colaboração premiada por parte dos envolvidos na operação". Ele também não entrou no mérito sobre o pedido de federalização do caso solicitado pelo deputado estadual Edilson Silva (PSOL).
FAIR PLAY
Já a Polícia Federal deve fazer uma perícia no material apreendido na operação que deve durar 30 dias. Neste período, a instituição espera coletar dados que possam levar a novos fatos sobre o desvio de recurso. Há possibilidade, inclusive, de ligação com outras operações, como a Fair Play, que investiga um superfaturamento de R$ 48,7 milhões na construção da Arena Pernambuco.
"Ainda é cedo para fazer essa interligação entre as duas operações e entre as duas quadrilhas que estão sendo investigadas. Começamos agora a investigação, mas tudo é possível. A gente não descarta nenhuma possibilidade, como por exemplo envolvidos na Operação Fair Play serem mencionados na Operação Turbulência. Tudo vai depender da análise minuciosa de tudo aquilo que a gente encontrar no material que foi arrecadado", disse o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro.
Sobre o compartilhamento de provas entre a Turbulência e a Fair Play, o procurador da República disse que, no momento, não vislumbra o uso de informações. Para chegar ao nome dos investigados, a PF valeu-se de dados da Lava Jato e de delações premiadas firmadas junto ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, e junto ao Supremo Tribunal Federal.
PERÍCIA
Em meio ao choque de informações e à polêmica análise da morte de Paulo César de Barros Morato, a Secretaria de Defesa Social afirmou que a liberação tanto dos laudos periciais quanto do corpo do empresário só devem sair amanhã, uma semana depois de o empresário, considerado um "testa de ferro" da Turbulência, ser encontrado morto num motel em Olinda. Até agora, apenas um homem que se identificou como sobrinho de Morato esteve no IML, na última quinta-feira (23), para buscar informações sobre a liberação do corpo.