O criminalista Nabor Bulhões, advogado do empresário Marcelo Odebrecht - alvo da Operação Lava Jato - e famoso por ter defendido Fernando Collor e Paulo César Farias em meados dos anos 90, é o novo advogado do empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho. Lyra foi preso pela Polícia Federal (PF) no dia 21 de junho, quando a Operação Turbulência foi deflagrada, sob a suspeita de encabeçar uma organização criminosa especializada em lavar dinheiro para irrigar campanhas políticas em Pernambuco, como as do ex-governador Eduardo Campos (PSB).
Bulhões é amigo do ex-deputado socialista Luiz Piauhylino, padrasto de Lyra, e participou, nesta terça-feira (12), do julgamento do pedido de habeas corpus do empresário. “Sou muito amigo da família dele (João Carlos Lyra), do pai adotivo dele, um grande advogado brasileiro, doutor Piauhylino, e ele me pediu para colaborar com um grande escritório de São Paulo que fez a impetração (do pedido de habeas corpus)”, afirmou o criminalista.
A solicitação do cliente, entretanto, não foi acatada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5). Por maioria, a Segunda Turma do TRF5 negou o habeas corpus para João Carlos Lyra e Eduardo Freire Bezerra Leite, o Eduardo Ventola, outro investigado na operação da PF. De acordo com o desembargador Ivan Lira de Carvalho (relator), “mostram-se fortes os indícios de irregularidades a concluir, inclusive, com eventual prática de crime de lavagem ou ocultação de bens. Assim, não se apercebe injustificada a decisão aqui hostilizada (decreto de prisão), de sorte a merecer o acolhimento dos pleitos de habeas corpus”.
Nabor Bulhões, que em janeiro deste ano assinou - com um grupo de advogados - uma carta aberta contra o que considera “abusos” cometidos no âmbito da Operação Lava Jato, considerou o resultado do julgamento “injusto”. “Prevalece hoje o combate à suposta criminalidade organizada com elementos não existentes no sistema, que pode ser uma super reação por parte do poder Judiciário. Ou seja, o Judiciário abusa, extrapola os limites da sua atuação instituicional para adotar medidas de defesa que não estão no sistema. Isso é preocupante. Vi isso aqui e tenho visto isso todo o dia na Lava Jato”, comentou.