“Não tenho a menor condição de defender esse governo.” A frase é do deputado estadual Álvaro Porto, que integra a bancada do governista PSD na Assembleia Legislativa, mas que se consagrou como um contumaz crítico do governo Paulo Câmara (PSB). Depois das queixas frequentes a secretários e das críticas a contratação de Organizações Sociais, as OSs, na saúde, Álvaro sugeriu ontem à Procuradoria-Geral da República que, além do pedido de intervenção no sistema prisional, que gerou forte reação do governo, peça intervenção também em toda a área de segurança pública.
“Meu partido está na base do governo, mas eu não estou. A minha posição é independente. Se for para elogiar, eu elogio. Por enquanto, a gente não está vendo nada de elogio nesse governo”, dispara.
Eleito pelo oposicionista PTB, Álvaro migrou para o PSD em fevereiro do ano passado, alertando que faria críticas sempre que discordasse do governo. Meses depois, o parlamentar começou a subir o tom depois após desentendimentos eleitorais com integrantes do governo. O período coincidiu ainda com a posse do amigo Bruno Araújo (PSDB) no Ministério das Cidades e o início das especulações de que o tucano pode disputar o governo do Estado em 2018.
“Por enquanto eu não vou mudar de partido. Mas provavelmente meu caminho não vai ser junto ao governador, não. Acho que vou fazer oposição”, admite, sobre o futuro político. Irmão do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Carlos Porto, Álvaro foi prefeito de Canhotinho (Agreste) por dois mandatos e se elegeu deputado em 2014 com 44.622 votos.
Líder do PSD na Alepe, o deputado Rodrigo Novaes faz questão de dizer que a legenda tem posição muito firme de apoio a Paulo Câmara. “A gente entende as boas críticas. O bom aliado também critica. Pessoalmente, Álvaro é um grande amigo. Mas ele tem feito uma oposição sistemática e programática ao governador. Não é uma posição que tem o respaldo do partido”, assinala.