Não há unanimidade quando o assunto é Bolsa Família. Para os entrevistados, muitos dos quais recebem ou receberam o benefício, a medida é considerada necessária. No entanto, há uma percepção de que o programa de transferência de renda é marcado por falhas. Uma das respostas mais recorrentes durante as entrevistas com os grupos é que “muitos são privilegiados sem precisar da ajuda”.
Segundo a pesquisa, o eleitor da periferia identifica que “muitos fazem filhos para terem acesso à Bolsa”. As políticas públicas executadas pelo governo, no entanto, não vieram de forma espontânea.
De acordo com Adriano, isso se justifica porque há uma impressão negativa dos governos e a existência de demandas que não são solucionadas por eles. “Isso faz com que os eleitores não reconheçam ou citem políticas públicas espontaneamente”, explicou.
Quando questionados se lembravam de algo, a maioria citava ações mais próximas, como o Pacto pela Vida ou o Mãe Coruja, ambos programas desenvolvidas pelo governo de Pernambuco. O Bolsa Família, por exemplo, precisou ser estimulado pelo coordenador para que as pessoas opinassem. O programa de segurança pública foi bastante citado, porque o aumento da violência foi o principal problema apontado pela maioria dos ouvidos.
A percepção dos eleitores sobre o desvio do uso do Bolsa Família foi relatado por Taís Maria da Silva. Durante a entrevista, ela mencionou que aprova o benefício, mas que conhece pessoas da vizinhança que recebem e não precisam. “Conheço gente que paga roupa com o dinheiro do Bolsa Família. Coisas nada a ver, né? Era para estar usando esse dinheiro para outra coisa. Isso é gente que eu conheço da localidade, que vive por aqui por perto”, contou a autônoma, que trabalha como cabeleireira.
Dados atualizados do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) indicam que, no Recife, 97.950 famílias são atendidas pelo Bolsa Família. Juntas, elas recebem R$ 12.824.807 por mês do programa. O benefício médio é de R$ 130,93 por família.