A Câmara do Recife ingressou, oficialmente, nesta terça-feira (15), no Comitê Interinstitucional das pessoas imigrantes, asiladas, refugiadas e apátridas. A vereadora Michele Collins (PP) e o vereador Ivan Moraes (PSOL) são os representantes da Comissão de Direitos Humanos que vão integrar a subcomissão de refugiados da Casa, que está responsável por debater esta demanda no Recife. Recentemente, um grupo de 55 migrantes vindos da Zona Rural da Venezuela chegaram à capital pernambucana depois de passar por várias cidades brasileiras.
O Comitê foi criado no início do ano para deliberar sobre a situação de migrantes que poderiam chegar ao Recife. Entre os membros permanentes estão a OAB Pernambuco, o Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública, organizações da sociedade civil, Prefeitura do Recife e, a partir de agora, Câmara Municipal do Recife. Quando necessário, membros convidados, como algumas secretarias do Estado e até instituições de ensino, como a UFPE, também participam.
Na reunião do comitê, que aconteceu na Câmara nesta semana, o poder público ouviu um representante do grupo de venezuelanos. De acordo com Michele Collins, o principal saldo da reunião foi que o grupo se comprometeu a receber a prefeitura para dizer quais são as suas necessidades. “A prefeitura vai fazer um levantamento das necessidades deles e a gente vai estar aguardando esse retorno. Segunda-feira já vai ter uma próxima reunião aqui”, disse.
O vereador Ivan Moraes disse que entre as atribuições das atividades da Câmara está a fiscalização das ações do Executivo. “A partir desse primeiro passo, é tarefa, sim, da Câmara, verificar se foi feito o atendimento, se eles foram ou vão ser institucionalizados, se vão participar de algum programa que já existe para pessoas de vulnerabilidade”, explicou.
Sobre as atividades da prefeitura, a secretária-executiva de Assistência Social do Recife, Geruza Felizardo, alegou que o poder municipal reconhece os venezuelanos como “população do Recife”. “Morando na cidade, mesmo que provisoriamente, eles têm direitos aos serviços que o município oferece. Saúde, educação etc. Foi assim que a gente tratou os venezuelanos que chegaram aqui através do programa de interiorização”, ressaltou.
Segundo Emília Queiroz, presidente da Subcomissão de Direito dos Refugiados da OAB, o Comitê tem trabalhado com a função de auxiliar os migrantes a resolver suas pendências documentais no Brasil, além de promover ações. Na próxima sexta-feira (15) às 9h da manhã, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz vai realizar exames médicos e promover rodas de conversa de conscientização em uma ação exclusiva para as migrantes que moram no Recife.
De acordo com informações de Patrícia Valentina, venezuelana que mora no Brasil há 3 anos e que teve contato com o grupo, eles viajaram da Venezuela até Belém-PA em embarcações e depois seguiram de ônibus por várias cidades até chegar no Recife e se instalarem. “Quando estava indo para o meu trabalho, eu os vi na praça do Derby. Vi os cartazes que seguravam e vi que dizia ‘Venezuela’. Cheguei perto e conversei com eles. Depois, nessa mesma semana, conheci os outros e fui com o pastor da minha igreja para fazer uma visita no pensionato onde eles estão ficando”, explicou. A maioria dos migrantes falam apenas o dialeto da tribo, que é o Warao, dificultando o contato. Patrícia comentou que o objetivo dos venezuelanos é de se estabelecer na cidade e conseguir todas as documentações necessárias para viver como refugiados.