Com deputados de olho nas eleições 2020, Alepe retoma os trabalhos

Projetos de lei devem tramitar na Alepe com mais facilidade no primeiro semestre, período não contaminado com as eleições municipais
Luisa Farias
Publicado em 03/02/2020 às 18:26
Projetos foram propostos por deputados estaduais Foto: Foto: Soares/Alepe


A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a voltou aos trabalhos legislativos nesta segunda-feira (3) após o recesso que deu a oportunidades dos deputados se voltarem para as suas bases, já tendo em vista as eleições municipais. No radar da Casa, o orçamento do Estado, eventuais adequações a partir de novas legislações federais e demandas próprias do Estado, que devem tramitar com mais facilidade no primeiro semestre, período não tão contaminado com o pleito.

No primeiro semestre será votada da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), conforme determina a legislação. Já a Lei Ordinária Anual (LOA), que estabelece o orçamento de receitas e despesas do ano seguinte, precisa ser encaminhada pelo Executivo até agosto, mas tem o prazo para ser votada até o fim do segundo semestre.

A partir da aprovação do projeto com as mudanças no Regime de Previdência do Estado, que teve que ocorrer com celeridade devido à urgência para a renovação do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), acabou ficando aberta a possibilidade de novas alterações futuramente. Deputados do governo e oposição e os próprios servidores defenderam um debate mais amplo de outras questões que acabaram não entrando em discussão, como a progressividade da alíquota previdenciária.

Para a cientista política Priscila Lapa, o governador Paulo Câmara (PSB) não deve terminar o seu mandato sem tratar da questão previdenciária. “Em algum momento ele tem que deixar claro o que o servidor está perdendo”, diz a cientista.

Para o líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento (PSB), a aprovação de projetos no âmbito federal, como a PEC paralela – que inclui Estados e municípios na reforma da Previdência, além das reformas tributária e administrativa, pode criar demandas para o legislativo estadual. “Mas depende do que for votado no Congresso. Se tiverem obrigações para os Estados terem que tratar, se tiver alguma implicação no âmbito estadual. Isso é uma expectativa”, conta.

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O presidente da Alepe, Eriberto Medeiros (PP) informa que a Casa deve voltar-se neste ano para o fortalecimento do sistema de ensino público do Estado, através da expansão para municípios do interior e do oferecimento de escolas de referência e ensino em tempo integral. Ele destaca ainda a necessidade de dar mais atenção à saúde básica e a prevenção de doenças como o coronavírus. 

No tocante às pautas de políticas públicas na Alepe, está no nosso radar, por exemplo, defender o fortalecimento do sistema de ensino, expandindo pra mais cidades do interior a oferta de escolas de referência e ensino em tempo integral; defender atenção maior com a saúde básica e a prevenção de doenças como o surto do coronavírus, para o qual Pernambuco deve estar preparado; aprimorar a legislação sobre meio ambiente, incluindo na pauta a questão dos canudos plásticos. Também retomaremos o debate sobre a questão das barragens e o derramamento de óleo, garantindo a saúde e segurança da população, além do desenvolvimento do setor produtivo.

Os parlamentares da Alepe também podem resgatar pautas do ano passado que acabaram não sendo apreciadas, a exemplo da PEC que autoriza a instalação de usinas nucleares em Pernambuco, para viabilizar a construção de uma no município de Itacuruba, no Sertão. A proposta é de autoria do deputado estadual Alberto Feitosa (SD). A pauta divide opiniões na Casa e não formou consenso entre os deputados em 2019.

Eleições

O fator eleição pode ter mais influência no andamento das pautas na Alepe do que para a Câmara dos Deputados, devido à proximidade dos deputados estaduais com municípios, suas bases eleitorais, e também com os próprios prefeitos e vereadores. “O impacto que causa é das principais pautas serem esvaziadas, porque muitos deputados vão visitar suas bases para eleger seus prefeitos. Isso quando ele mesmo não quer ser candidato”, explica o cientista político Hely Ferreira.

O líder da oposição na Casa, Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB), acredita que a questão eleitoral vai se sobressair, tanto em relação à capital Recife, quanto um debate mais regionalizado, sobre as questões de cidades polo como Caruaru e Petrolina. “Eu penso que as pautas serão muito provocadas pelos deputados por este clima, cada um com seu condão. A pauta política deve prevalecer forte neste ano”, projetou o deputado.

Pelo menos três deputados estaduais estão envolvidos no pleito de Caruaru: O delegado Erick Lessa (PP), pré-candidato à prefeitura pelo PP, e os ex-prefeitos Tony Gel (MDB) e José Queiroz (PDT), cogitados para disputar novamente o comando do município ou para firmarem uma eventual aliança. 

Em Petrolina, Lucas Ramos (PSB) se apresenta como pré-candidato pelo PSB. Outros nomes, apesar de não serem pré-candidatos, também participarão em menor grau na disputa. São eles o Antonio Coelho (MDB), irmão do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, e Dulcicleide Amorim (PT), esposa do ex-prefeito Odacy Amorim (PT), que também articula sua pré-candidatura. 

Considerando a maior demanda da presença dos deputados no interior neste ano, o presidente Eriberto garantiu que irá adotar estratégias “para que o ritmo de trabalho permaneça inalterado”. “Nossa intenção é continuar tornando a Casa oxigenada e participativa”, afirmou o presidente. 

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