Brincando com fogo

Segundo pesquisa, 20% dos jovens adolescentes do País, de 9 a 23 anos, já receberam textos ou imagens sensuais e eróticas pelo celular
Cinthya Leite
Publicado em 30/11/2013 às 13:00
Segundo pesquisa, 20% dos jovens adolescentes do País, de 9 a 23 anos, já receberam textos ou imagens sensuais e eróticas pelo celular Foto: Igo Bione/JC Imagem


O uso das novas ferramentas de comunicação e das redes sociais pelos adolescentes é um assunto que intriga bastante pais e educadores. A inquietação decorre de vários motivos, especialmente pelo fato de a puberdade ser uma fase marcada pelo estímulo dos hormônios sexuais, o que abre portas para a intensificação das emoções e dos desejos mais impetuosos. Nesse clima de descobertas, a popularização dos smartphones e o acesso cada vez mais precoce a eles têm ajudado à disseminação da prática do sexting. Nada mais é do que o uso dos aparelhos para produzir (e enviar) fotos e vídeos íntimos do corpo nu ou seminu. Para seduzir, a meninada brinca com fogo.

O assunto chamou novamente a atenção dos brasileiros devido aos casos de duas adolescentes, uma do Piauí e outra do Rio Grande do Sul, ambas de 16 anos, que se suicidaram após ter imagens e vídeos sensuais espalhados por aplicativos de compartilhamento de mensagens e divulgados em redes sociais. A questão é tão delicada que várias associações no mundo se engajam para fazer um raio-x dessa prática. 

No Brasil, a organização não governamental (ONG) SaferNet entrevistou 2.834 crianças, adolescentes e jovens para um estudo inédito, cujos dados só serão divulgados no dia 16. A ONG, contudo, antecipou alguns resultados para o JC: 20% do universo pesquisado, de 9 a 23 anos, já receberam textos ou imagens sensuais e eróticas. E 6% enviaram conteúdos de sexting. 

“A exploração da sexualidade na adolescência sempre existiu. A diferença é que, em décadas passadas, as descobertas aconteciam entre quatro paredes, sem riscos de a intimidade ser levada a público de uma maneira tão exacerbada”, diz a psicóloga e sexóloga Silvana Melo, membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash). 

Os efeitos que podem vir dessa brincadeira perigosa, segundo ela, deixam marcas emocionais difíceis de ser cicatrizadas nos jovens em fase de iniciação sexual. Afinal, trata-se de um período assinalado pela preocupação com a imagem, pelo receio de não ser aceito e pela vontade de ser admirado. 

“Ao ver imagens ou vídeos sensuais do próprio corpo na internet, o adolescente sente insegurança e medo. Isso pode fazer com que ele não suporte a carga emocional que vem do julgamento da família, dos amigos e da sociedade”, acrescenta Silvana. É por isso que, em muitos casos, o resultado dessa história pode ser bem infeliz. 

Leia a matéria completa no caderno Arrecifes (1º/12) deste domingo

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