Manter a biodiversidade intocada nos Jardines de la Reina tem sido possível devido a uma confluência de fatores geográficos, políticos e científicos. Localizado entre as províncias de Ciego de Ávila e Camaguey, o arquipélago está a pelo menos 60 km do povoado mais próximo. O isolamento, somado ao rigoroso programa de proteção ambiental do governo cubano e à cooperação com instituições de pesquisa, é o segredo do milagre. Exemplo para o resto do mundo.
Na opinião de especialistas, Cuba põe em prática em Jardines de la Reina o conceito de que a exploração dos atrativos costeiros por meio do turismo sustentável traz muito mais dividendos do que a clássica extração em massa dos recursos naturais para o consumo.
A pesca comercial está proibida desde a década de 90, com exceção da lagosta. Além da produção controlada do crustáceo, a única atividade econômica autorizada é o turismo, limitado à contemplação e às práticas de mergulho recreativo e pesca desportiva com devolução.“O que se vê nos Jardines é o resultado de anos de cuidado e de investimento não somente monetário, como em educação ambiental, formação dos trabalhadores e investigações científicas para atingir o desejado equilíbrio entre impacto humano e conservação da natureza”, sintetiza Filippo Invernizzi, um dos sócios da Avalon, empresa italiana que opera na região em parceria com a cubana Marlim. Para o chefe de operações da Marlim, Antonio del Rio Perez, a parceria traz benefícios em dois sentidos: “garante trabalho para a população local e intensifica o interesse dos funcionários na preservação do lugar de onde eles tiram o sustento”.
A infraestrutura fixa para atender os visitantes se resume a um hotel flutuante integrado ao entorno natural. Chamado de La Tortuga, tem oito quartos e todo o conforto necessário, incluindo ar-condicionado e conexão à internet. O turista ainda pode optar pela hospedagem em uma das seis embarcações que navegam pela região.
A mais luxuosa é o recém-inaugurado iate Avalon Fleet II no qual navegamos. O barco tem 10 cabines aconchegantes, com capacidade para até 20 passageiros, além de sala de estar, bar-restaurante e jacuzzi panorâmica. À base de frutos do mar fresquinhos, saladas e massas, a gastronomia é uma atração à parte, associada à carta de bebidas, que inclui mojito, a deliciosa cerveja cubana Bucanero e vinho chileno.
O programa médio dura seis dias, do sábado à sexta-feira seguinte. A saída de Havana rumo à marina de Júcaro é ainda na madrugada. São seis horas de viagem em ônibus turístico durante as quais vale observar o verde da paisagem e o modo de vida do interior de Cuba, bem diferente do ritmo da movimentada capital.