O ministro do STF indicado por Jair Bolsonaro votou para ajudar a defesa de Lula (PT), numa manobra que pode fazer com que o ex-presidente acabe deixando de pagar por suas condenações.
É como se Kássio Marques, o enviado de Bolsonaro à Suprema Corte, posasse para as fotos fazendo o "L" de "Lula Livre", com um belo sorriso no rosto.
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Na segunda turma, o único voto contra liberar as mensagens privadas entre Moro e procuradores da Lava Jato foi Edson Fachin.
Gilmar Mendes, Lewandowski, Cármen Lucia e Kássio ajudaram Lula com a decisão.
Alguém pode acreditar que ele resolveu, especificamente nesta votação, exercer a independência em relação ao presidente que o indicou para o vitalício cargo.
A outra opção é um pouco mais lógica. O maior adversário que Bolsonaro pode ter, hoje, para 2022, é Sergio Moro, mas o melhor é Luiz Inácio.
A decisão referendada por Kássio Marques é muito boa para Bolsonaro, porque prejudica Moro e corre o risco de colocar Lula de volta no jogo eleitoral.
Quem pensar que Lula tem alguma chance contra Bolsonaro, pense melhor. Da mesma forma que Lula trabalhava seu acirramento contra o PSDB, mantendo a rivalidade sobre controle, para enfileirar quatro derrotas tucanas em 14 anos, Bolsonaro pretende fazer o mesmo com o PT.
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A rivalidade sempre foi boa para o PSDB também. Perder era só um detalhe, porque ser a segunda maior força em um país como o Brasil é lucrativo.
Assumindo-se como segunda força, o PSDB conseguiu manter-se vivo, mesmo caindo ao longo do anos. Fez 71 deputados em 2002, 65 em 2006, 53 em 2010, 49 em 2014. Em 2018, quando deixou de ser a segunda força, caiu, fez apenas 29 parlamentares.
O PT sabe disso. Caso abra mão de ser a segunda força sozinho e resolva se unir a outros partidos numa frente única contra Bolsonaro, pode acabar se arriscando a encolher.
Se a tal frente vencer a eleição, petistas dividem o bolo. Se não vencer, dividem só os votos. É um risco, dos grandes.
O menor risco e a melhor escolha petista sempre será cozinhar Ciro Gomes (PDT) e, no fim, lançar o próprio Lula ou Haddad (PT), para manter o espólio dos últimos anos.
Vale lembrar, em 2018 o PT fez isso e terminou com a segunda maior bancada de deputados.