A eleição de Arthur Lira (PP) para a presidência da Câmara pode ter feito parecer que Bolsonaro havia conquistado um salvo conduto para tudo o que desejasse do Legislativo.
Não foi.
E o decreto que flexibiliza o acesso à armas no Brasil pode ser o primeiro exemplo dessa limitação.
O limite não é novo. Em certo período de 2019, quando o clima entre Bolsonaro e o Congresso não era tão ruim, uma liderança do governo em conversa com a coluna explicou que o presidente conseguiria apoio para aprovar qualquer pauta econômica fundamentada em reformas.
Na época, realmente, a reforma da Previdência foi aprovada.
Só havia uma exceção, nas duas casas legislativas: pautas ligadas aos costumes. Bandeiras da bolha bolsonarista, ligadas à religião ou à armas ficariam sempre no fundo da gaveta ou seriam rejeitadas.
Bolsonaro queimou tanto a relação que, nos últimos meses, até de impeachment ficou ameaçado.
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Quando Arthur Lira assumiu, a verdade é que voltamos ao período de 2019. É curioso como se comenta, exatamente com os mesmos termos, a frase daquele líder em 2019: "pautas das reformas serão aprovadas, pauta de costumes vai cair".
Líderes do centrão, que sustenta Lira e garante Bolsonaro na presidência, já estão se manifestando contra o decreto das armas.
Voltamos ao curto período de 2019 que tinha expectativa por reformas, com maluquice sob controle?
Se for, amém.