Quando aparece concorrência, o que muda primeiro é a relação com os fornecedores. Dependendo do tipo de negócio, comprar deles fica mais difícil.
No jogo político, é igual.
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Os fornecedores de Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) são os partidos aliados, principalmente do Centrão, que estão ali para garantir apoio e, consequentemente, poder ao "comprador".
Só se governa com aliados e com poder.
Enquanto Lula estava preso e, depois, inelegível, Bolsonaro teve a chance de tratar os fornecedores como quis e pagar o preço que tinha vontade.
Mudou um pouco quando ficou ameaçado de impeachment e precisou deles, mas o preço era relativamente baixo, sem concorrência. O Centrão dependia só de Bolsonaro para ter algo.
Agora, a tendência é que os aliados fiquem muito caros, muito mesmo. A entrada de Lula no cenário eleva o preço das alianças. O discurso do ex-presidente na quarta-feira (10) estava cheio de recados muito claros.
O petista disse que vai conversar com os políticos, "inclusive os que não são progressistas", para resolver os problemas do Brasil. Foi um recado.
Quer conversar com empresários. Foi outro recado.
Estando fora do governo, Lula oferece promessas. Mas, ele sabe, melhor que ninguém, que estando dentro do governo há um limite para agradar aliados e que, após esse limite, a corrupção toma conta.
Sabe, porque ultrapassou a linha várias vezes.
Poder é um vício. Como bom dependente e conhecedor do assunto, Lula está tratando de deixar o vício de Bolsonaro mais caro.